18.12.08

2009

Cada segundo que passa é um a mais na grande pilha de segundos de 2008.
Se for colocar na balança, acho que os meus segundos foram utilizados (em ordem decrescente):

relacionamentos
dormir
trabalho
cultura
faculdade
absolutamente nada de últil

Bom, nada mal, absolutamente nada de últil até que está bem colocado em último lugar.
Para 2009, gostaria de caminhar, ir em frente, crescer, e, principalmente, não terminar como comecei. Porque 2008 acabou como começou (ok, um pouco melhor, mas bem semelhante).

Quero terminar 2009 com mais dinheiro no banco, alguém para chamar de meu, um emprego bacana, mais equipamentos de fotografia e... porque não, mais bonita.

Não quero realizações que tenham data de validade, mesmo que seja quase impossível prever o futuro.

Queria um cachorro, isso, um cachorrinho fofo e gostoso. Peludo e bobo.

Será que eu não devia estar assim desejando tão em voz alta?

Whatever. Quero ver todos os filmes e ler todos os livros.

Quero aquela coisa boa que é alguém do meu lado.

Quero sonhos bons e noites tranquilas.

Quero amigos.

Mais bandas boas para se descobrir e cantar à toa.

Muitos freelas pra eu me divertir.

É pedir muito?

11.12.08

thoughts

A experiência transcendental.
O calor. O calor que sinto devido à janela fechada.
A palpitação. A expectativa frente ao desconhecido.
Sonhos me puxam para trás. Mas a mente desperta quer seguir em frente.
Os sonhos vêm para me dizer: és fraca. Mas eles são apenas o resquício desesperado de inconsciência apegada à casa dos meus 10 anos, aos meus brinquedos, aos meus amigos infantes e às minhas frustações adormecidas.
Nada disso existe mais.
Mergulharam num buraco negro profundo. Sobraram apenas seus fantasmas ou sua energia transformada.
A liberdade que sinto. Posso fazer o que quiser. Posso ser quem eu quiser.
Posso sair daqui correndo em direção à esquina mais próxima, rasgar minha camisa e gritar: viva Lênin! viva as freiras! viva a irresponsabilidade! viva o algodão doce!
Posso pixar a minha fachada de cores amarelas e roxas.
Posso investir no mercado de ações da bolsa mexicana.
Posso dançar no meio da praça ao som de minhas canções inventadas, ao som da sinfonia dos carros.
Quero ficar um dia inteiro em puro silêncio. Quero fotografar o mar e as flores e as pessoas e os cachorros e a faria lima.
Quero gritar: seus putos!

Quero.

4.12.08

Ela fazia medicina e falava alemão e ele ainda nas aulinhas de inglês...

E quem um dia irá dizer...

29.11.08

dizzy

tudo é lindo. luzes verdes iluminam as árvores e as pessoas. sorrisos desfocados correm por mim. os alquimistas estão chegando. ando sem rumo certo. a bebida na minha mão cai aqui e ali. as pessoas estão todas felizes. eu sento e não percebo que sentei. eu levanto e sinto o chão se afastar bem mais lentamente do que o normal. rio fácil e sem motivo. falo e não percebo. quero e não consigo. não sei se estou falando. não sei se pareco lenta para os outros tanto quanto pareço para mim mesma. a bebida cai denovo. dança. som. abraços apertados e cumplicidade boêmia. a eca finalmente parece a eca que me descrevem. eu pareço mais velha. parece que envelheci vinte anos. ou rejuvenesci cinco. daí eu digo que não há nada a perder. e sinto um calor bom. e depois o calor se vai. e falo bobagens. e não quero mais bebida. e danço. e canto. e percebo que perdi a carona. e meus amigos estão lá. eu me sinto bem ao lado deles. ao lado deles vejo o sol nascer. e com eles vou tomar café. ao som de música francesa. lembro-me de que preciso pedir desculpas. e adormeço. acordo tonta. dor de cabeça. banho. glicose. líquido. o trabalho nas próximas horas. a lembrança de tudo. o riso pela idiotice. a tristeza pelo efêmero romance de vodka. o auto-conhecimento.

esse foi meu primeiro porre de verdade.

19.11.08

Bette Davis te despreza.

Eu te desprezo.

17.11.08

Today

Sirens sounding out, are we going to war
A film of yesterday on a broken down door
Send me something real to ignore or explore
And I'll show you all the things that I saw

Today the words don't mean enough for us to say
Today, to steal the moment that we gave away
We gave away
Gave it away

Can't remember when, but it's happened before
Saw it all played out through a crack in the door
Send me something real for the way that I feel
And I'll show you all the things that I've seen

Today the words don't mean enough for us to say
Today, to steal the moment that we gave away
We gave away

11.11.08

você

Eu fiquei um pouco menos mal ao te abraçar, mas eu sei que você nunca será meu como fora antes. Mesmo assim, você me fez tão bem por tanto tempo que me contento em sentir seu calor perto de mim. Porque eu odeio quando as pessoas somem das nossas vidas. Eu odeio quando elas dão tchau e você sabe que elas dizem que vão te visitar mas nunca visitam. Aí você chora muito, porque sabe que as pessoas são assim mesmo. E você tem que pensar positivo, que o mundo é cheio de gente legal e que você vai encontrar muitos amigos novos. Mas é ridículo, porque você sabe que igual a esta pessoa não tem mais, que você nunca mais vai viver o que viveu com ela e que tudo que você tentar será apenas uma pálida semelhança. E mesmo que você encontre outras pessoas, elas também vão sumir, e assim vai, até você ficar velhinho e olhar as fotos antigas dos seus, imaginando onde estão e se lamentando por ter fugido deles assim.

Mas sua presença alegrou minha alma, por mais que esteja chorando agora. Eu não queria dar tempo nenhum, queria que você viesse aqui agora pra gente ir no cinema ou tomar um açaí. Queria bater papo até ficar cansada e rir da nossa tão miserável vida. Porque eu odeio despedidas, e eu não quero me despedir de você.

Por fim, um trecinho do texto do livro do Ondjaki que é muito foda, e faz todo o sentido pra mim:

Nas despedidas acontece isso: a ternura toca a alegria, a alegria traz uma saudade quase triste, a saudade semeia lágrimas, e nós, as crianças, não sabemos arrumar essas coisas dentro do nosso coração.

1.11.08

Eu queria tanto ser forte.

28.10.08

A tempestade.

Era uma vez um capitão. Ele era daqueles capitães antigos, barbona, tapa olho e perna de pau.
Ele gostava de seu navio. Gostava de águas tranquilas. Gostava de navegar.
Um dia, houve uma grande tempestade, na verdade, a maior tempestade de todos os tempos. Furacões, ventanias, ondas gigantes. E foi assim que o navio do capitão foi jogado sem dó nem piedade para cima, rodopiando, rodopiando, rodopiando. Ele se agarrou ao mastro com uma força sobrenatural e tinha certeza absoluta de que iria morrer.
Mas uma coisa incrível aconteceu. Até hoje, muitos duvidam de que seja verdade, mas dou meu voto de confiança ao relato do capitão. O navio, que tinha proa e popa compridas, ficou pendurado por elas no meio de duas rochas gigantescas, como aquelas pontes que a gente vê em filmes.
O capitão demorou um tempo para voltar a si, mas quando o fez, percebeu que metade de sua tripulação havia sucumbido e a outra que restara estava moribunda. Havia estragos irreparáveis em toda a embarcação e ele mesmo não se sentia muito bem. Quando percebeu que estava a muitos metros do solo e pendurado de forma tão perigosa que poderia cair a qualquer momento, ele se desesperou. Por um lado, era fácil sair do navio pela popa e alcançar a rocha, mas por outro, ele queria por todas as suas forças voltar para o mar com seu navio intacto, sua tripulação forte e suas águas tranquilas de sempre. Ele sabia que não era possível.
O barco estava prestes a cair e ele não sabia como seria a partir de então. Ele olhava carinhosamente para cada detalhe de madeira polida, cada ornamento ou até para cada partezinha sem graça e desimportante. Ele as amava como um amante e nunca as deixaria partir. Ele não queria outro navio. Ele sabia que poderia ser o capitão de outros navios ou abandonar o mar de vez. De qualquer forma, seria apenas metade homem e metade feliz nos dois casos.
Cada movimento era arriscado. Um passo em falso e o barco encontraria seu destino. E seu destino era o destino de seu capitão.
"Vou recontruindo aos poucos" e soltou o navio das rochas, voltando ao mar com um navio em frangalhos, mas cheio de esperança.

26.10.08

Hoje foi um dia bom. Para mim, é o suficiente.

Sinto-me uma pessoa melhor.

23.10.08

resumo rápido, básico, normal

Qual o grande lance por trás do sete? Seria um número sagrado, para o qual antigamente as pessoas matavam criancinhas em rituais?
A perfeição parece com medo de suas expectativas falsas. Ela se esconde por trás dos olhos fundos de quem já cansou de chorar. Ela é covarde e nos faz pensar que o mundo não presta, que somos uns bostas e que nossa alegria está com os dias contados.
Perfeição - a decifre ou seja devorado.

Não seria a vida um daqueles jogos do Sonic que você nunca consegue terminar? Bem naquela fase no ar, que você vive caindo dos bloquinhos deslizantes. Parece que o jogo foi programado para você nunca ganhar mesmo e, por mais que você já tenha todas as esmeraldas, você se sente um fracassado.

Há uma coisa que nunca vou ter na vida, e é bom começar me acostumando: controle. Eu sempre quero saber de tudo para poder prever, entender e controlar minha própria ansiedade. Não importa quantas miligramas de remédio eu tome, não há remédio que me dê um poder que só os deuses e as operadoras de telemarketing têm. Nada está em minhas mãos, eu não tenho o controle de absolutamente nada.

E, mais uma vez, me vejo na mesma situação de um ano atrás. No money, no hope, no family, no nothing. O que resolveria isso? Uma árvore de dinheiro, uma casa na praia com dois cachorros e o amor, Natal na casa da vó Ruth e recadinhos na geladeira, respectivamente.

Pelo menos tive duas semanas de ilusão completa num lugar ilusório com caramujos e cocô de cachorro. Pego a fotografia mais bonita daquele dia e colo na minha agenda dizendo: não esquecer de voltar um dia com mais calma, talvez para ficar. As flores amarelinhas na rua da eca e as folhas do russel sq. já valem como consolação.

21.10.08

Eu devia estar fazendo tantas outras coisas agora.
Devia ter feito tantas outras coisas ontem.
Devo fazer tantas outras coisas amanhã.

Mas no fim faço sempre a mesma coisa.

14.10.08

london

londres
as rainhas de pedra te olham como se estivessem vigiando seu legado
os moderninhos moradores adoram misturar todas as roupas do guarda roupa de qualquer jeito
a cada duas pessoas que voce ouve falando ingles, ha uma falando qualquer outra lingua
as senhoras tem o nariz empinado
ha muitos indianos
a comida eh cara e horrivel
alias, tudo eh caro
liverpool street nao eh a liverpool dos beatles
vista de cima, tem um campo de futebol brilhando verdinho a cada duas quadras
eles realmente gostam de futebol

5.10.08

ireland #2

sol.
trem.
bray.
greystones.
wonderful.

4.10.08

ireland #1

11 horas ate amsterdam. nascer do sol a 11km de altitude ao lado de marraquesh.
mais 1 ate dublin.
minha mae ronca no aeroporto.
o cara da imigracao elogia meu ingles.
victor me recebe.
aqui e lindo.
aqui faz muito frio.
aqui e primeiro mundo.

30.9.08

why?

Eu tava pensando seriamente em tirar os comentários desse blog. Não sei porquê, talvez porque eles são uma demostração ridícula de "ei, ei, massageie meu ego!".
Aliás, é mais ridículo ainda o fato das pessoas estarem tão mergulhadas na era 2.0 que esquecem das relações humanas mais interessantes. Quando foi a última vez que você recebeu uma carta? Ok, sem contar cobranças e mala direta. As pessoas não fazem mais isso.
Eu tava pensando sobre toda a trajerória desse blog e sobre quantas vezes eu já não escrevi indignações. Eu praticamente só me manifesto aqui quando tô puta com alguma coisa.
Agora, por exemplo, sinto-me abalada pela humanidade. Todas as pessoas mal-educadas que a gente encontra na rua, todos os ônibus lotados, todas as opiniões acerca de tudo, todo egoísmo, todos os executivos engravatados, todas as cocotinhas indo almoçar na faria lima, toda inconformidade, toda injustiça, todas as pessoas que causam dor.
Pra quê serve toda essa sociedade que criamos?
Óó seres evoluídos que nós somos.

15.9.08

fim de semana

é muito bom saber que vocês existem.

4.9.08

espera.

Bateu aquele ciúmes forte. Aquela vontade de chorar. Aquela vontade de sofrer sozinha num canto qualquer.
Mas sabia que não seria assim. Que em breve descobriria a verdade e tudo ficaria bem denovo. Era apenas mais uma reação típica de desilusão, quando o que você mais ama lhe parece estranho.
Como seria a vida se fugisse? Se virasse uma ermitã das montanhas? Virar melhor amiga das lhamas e derreter gelo para o chá.
Ou se mudasse de nome, cortasse o cabelo e pintasse de roxo? Poderia se mudar para qualquer país estranho, onde nunca mais pudesse ser encontrada.
Lobotomizada. Desvairada. Despreparada.
Desesperada.

Desesperada? Desajustada. Desempregada.

Desmontada. Endividada.

Parada.

3.9.08

parte 3.

Sobre sua vida, poucos sabiam. Alguns lembravam de seu rosto, mas a maioria já esquecera de seus traços. Era possível que passasse duas vezes num mesmo lugar sem notarem sua insignificância. Bem que podia ser uma estratégia, já que ela realmente não tinha a intenção de ser notada.
Nunca encarava ninguém. Nunca cumprimentava ninguém. Quase nunca falava.
Guardava para si todas as suas angústias e medos, que não eram poucos. Por isso, por sua explosão interior, adquirira um tique: ela apertava fortemente seus dedos contra a palma de sua mão, um soco tímido, não-realizado.

2.9.08

parte 2.

Algum ser estranho se apossou dela. Tinha vergonha de si mesma, mas sabia que aquele sentimento era normal.
Tinha um quê de saudades do passado, mas sabia a estupidez disso, afinal, aquele passado não era tão bom assim, se fosse pensar. Na verdade, sentia era saudades do frescor de uma pequena parcela daquele passado, onde tudo era oportunidade e ao mesmo tempo tudo era incerto.
Queria desesperadamente achar um meio de saber como as coisas ficaram sem ela. Se o que deixara para trás sentiu o mínimo de saudades, se se lembravam de seu nome e de quem era.
Ao mesmo tempo, pensava em sua própria repugnância como ser humano.
O que seria aquele sentimento?

26.8.08

E ela achava que aqueles eram seus amigos. Achava mesmo, acreditava com todas as forças.
Mas quando percebeu que sua presença era tão necessária quanto a de um papel amassado, ela calou-se. Calou-se e foi embora, cabeça baixa.
Tentou imaginar o que fizera de tão errado. O que em seu comportamento provocara aquilo. Já havia sentido outras vezes, esse distanciamento gradual, esses olhares que não conseguia descrever (invejosos? indiferentes?).
Seria mais uma daquelas fases, em que as pessoas te conhecem demais para gostar de você?

4.8.08

parte 1.

Acordou. Não lembrava quem era.
Os raios de sol iluminavam o abajur e davam vida à famosa dança do pó que ela gostava tanto aos sete. O relógio vermelho tiquetaqueava.
Não havia sinal de luta no quarto. Checou os braços e as pernas, estavam ok. Levantou-se, não antes de piscar fundo duas vezes, e encaminhou-se para o espelho. O rosto e as costas estavam limpos também. Passou a mão delicadamente atrás da nuca e sentiu pequena dor. "Não mais do que em treze de abril, suponho". Pés descalços a levaram para a sala. Olhou para os lados e localizou a arma em cima do sofá. "Está bem".
Quando criança dançava em cima dos pés do pai. Ele a levava de um lado para outro da cozinha enquanto ouviam Don McLean. O sabor da comida invadia sua boca através do nariz e tinha gosto de domingo. A mãe entrava pela porta e, recostada no batente, ria ao enxugar as mãos do lavar-roupas.
O café amargo do dia anterior, "não, é mais velho", tinha gosto de plástico. Pensou em preparar mais, porém desanimou. Abriu a torneira da pia e encheu um copo. Jogou açucar e bebeu. Não era maravilhoso mas era doce. A falta de glicose transcendia o físico.
Com quinze dera o primeiro beijo. Bolhas coloridas brincavam no ar. Num domingo, na praça, durante a missa. Na missa que deixara de lado para ouvir seu discman. E foi ali, ao lado do coreto, na hora de Laura Pausini, que ele surgiu. "Por que saiu?" perguntou ele. "Porque quero ver a grama e o sol e porque quero vê-los juntos". Beijou-a. Riu. E ela riu olhando para baixo.
Digitou alguns números e aguardou. "Sim, está feito... não, não vi". Ligou a tevê e confirmou "Estou vendo. Melhor ir embora". Desligou o telefone e olhou para o relógio da sala. Pegou a arma do sofá e a limpou em sua blusa.
Já não sabia mais o que era certo ou errado. "Você não pode beber assim, amanhã temos prova". Era realmente feio para um garota encher a cara, e concordou. Já não tinha mais o frescor da ingenuidade em seus atos. Fechou a conta e se retirou da mesa. Olhou para a amiga e a odiou por dois segundos. Mas a outra estava certa. "Vamos embora".
No chão da porta de entrada repousavam as letras de sua mãe. Achou graça da precupação e guardou o papel no bolso. Olhou para o corredor. A vizinha ouvia Don McLean. Quis permanecer ali, imóvel. Seu coração encheu-se de dor e então virou-se. Foi para a janela e se acalmou. O sol brilhava como nunca e tingia de verde as copas das árvores. Quis dançar. No entanto, olhou para os pés, foi até o sofá e guardou a arma na cintura. Fechou a porta e, sentando-se na cadeira ao lado, tapou os ouvidos e fechou os olhos.

julho.

Ouvir músicas em francês realmente me faz sentir legal.

Mas legal mesmo foi esse mês. Como dar os primeiros passos, pôr ordem na casa, ver quase todos os filmes do Cinemark (o melhor - Why so serious?), tirar foto de mãozinha dadas com o Wall-E, saídas fotográficas... e, claro, sentir a vida olhando para mim com seus olhos verdes.

The beginning of something bigger. Or, better, "the commencement of a very rigid search".

18.7.08

os passos.

Primeiro dia de trabalho. Testando nossos potenciais.
Acredito que seja preciso mais tempo, mas podemos trabalhar com o que temos, podemos sair por aí, bater de porta em porta como vendedores de enciclopédia.
Nem preciso falar em sintonia, estamos na mesma frequência, com certeza. O resultado foi muito bom, ficamos muito felizes.

Keep walking.

10.7.08

on vacation.

Putz, é ducaralho não ter hora certa para acordar. Poder pensar em MIM, o que EU quero, como EU quero. E não passar todo seu tempo útil do dia resolvendo a vida dos outros!

Um dia eu recebi um email falando do mundo corporativo e tal. A pessoa que mandou o email disse mais ou menos que dava graças que não viver nesse mundo. Mas perá lá. Como assim? Se você tem chefe você já está de forma ou outra no corporativismo! Não sou de esquerda não, aliás, sou bem capitalista, mas, de verdade, camelar anos a fio para nunca ser reconhecido dentro da empresa? Comigo não. Pelo menos, não tô nem um pouco a fim.

A Gábe disse um negócio certo: "nós somos a elite pensante desse país! Vamos ficar aguentando a exploração de uma pessoa que nem nos dá valor?" Pois é! Caralho, to na USP, isso deve valer de alguma coisa. Quatro fuvests na costa, agora quero andar com minhas próprias pernas!

Mas o maior prazer, pelo menos nessa primeira semana "livre", está sendo não ter hora pra nada. Se eu for pensar com mais cuidado, talvez seja a primeira vez na minha vida! (tirando, óbvio, quando eu era um bebê irresponsável). Se amanhã eu acordar e pensar: quero escrever uma tese sobre o acasalamento dos golfinhos nórdicos banguelas do pacífico sul sob o ponto de vista da pós-modernidade, eu escrevo!!! Ou se eu quiser sair por aí para fotografar formigas, eu posso!

Não é lindo?
Sim, é férias, pela primeira vez em CINCO anos!

Iupiiii!

27.6.08

things.

Já faz um tempo que esse blog se tornou uma válvula de escape para minhas tão confusas epifanias. Não me assusto com a falta de visitas, quem em sã consciência gastaria mais de cinco minutos da vida em meio a meus pensamentos? Mas enfim.

*** Houve aquele momento em que pensei estar mais feliz do que em toda a minha vida. E era verdade. A gente cantava mi mi mi mi e ria de tão idiota que era aquela brincadeira. Quando chegou a hora do sapo que não lava o pé, soube: isso, é isso!

*** Não sei se me encaixo naquela de metamorfose ambulante, porque no fim sou sempre a mesma, mas o fato é que pulo de galho em galho até encontrar um que seja forte o suficiente, tenha frutos gostosos e uma sombrinha pra eu descansar. Agora, mais um pulo está prestes a acontecer. É um galho ducaralho, mas que exige muito esforço, porque nem todos conseguem nele morar.

*** Sabe o grito preso?

*** Orkut é uma bosta, mas às vezes eu passo uns bons 20 minutos passeando por suas páginas, vendo a cara daquelas pessoas que um dia eu convivi ou que ainda convivo. Vou descobrindo seus dramas, suas lágrimas, suas mudanças e vejo o tempo marcado em seus olhos. Orkut mata aquela curiosidade de "como está fulano?", mas também mata a vontade de ouvir pessoalmente "estou bem, e você?".

*** O mundo é um quadro.

*** Todos os pingos estão nos "is", agora é organizar a caçada.

17.6.08

?

Não sei.
O que fazer.
E agora.
Vendo-me.
Livro-me.
Ouço Yael Naim?

3.6.08

2 horas.

É meio-dia.
Quatro, cinco, seis, sete daqui.
Dois, três, quatro de lá.
Todos em marcha única para o antro da comida executiva.
Ninguém quer perder tempo ou ficar para trás.
Vambora pro "Casinha da Mama", "Santa Hora" ou para o "Delícia Grill".
Todos em fila, por favor, pratinho na mão, escolhe a saladinha, escolhe o leguminho, escolhe a carninha e a massinha. Ah, e tem também docinho e suquinho - um precinho a mais, apenas.
Em cada mesinha, uma alma solitária em meio a garfadas. Sonhos, ódios, ritmos e idéias entopem o espaço aéreo dos mosquitos embriagados.
E lá em casa, mamãe mexe a colher de pau muito saudosista, distante em pensamentos ao preparar
suspiros aos filhos, ausentes.

2.6.08

10 minutos.

Tantos são os caminhos que podemos percorrer. Esta frase é já um bordão dos mistícos, juristas e jedis. E sim, ela é verdadeira. Qual seria o caminho certo então?
Li ontem na Super sobre a felicidade estar escondida no pessimismo. Eu, que faço tantos planos e determino objetivos, vejo enfim a veracidade da aparente absurda afirmação. Meu objetivo era estar aonde estou, fazendo isso mesmo que estou fazendo. Mas daí - já não sei se concordo ou não com tal estudo - as coisas não são tão lindas como pareciam. O cansaço e as cobranças esgotaram meu sorisso diante do desafio e agora almejo fotografia de turistas na Polinésia.
O que seria mais importante? Balança:

prazer - lazer - esforço - dinheiro - calma

É óbvio que dinheiro sempre pesa um pouquinho mais no fim das contas, mas como aliar o prazer a esse ato nobre do enriquecimento? Aliás, esqueci de uma:

conhecimento

Agora que sei que preciso refazer uma matéria, penso: valeu? E mais:

família - relacionamento - amigos

Mais uma vez a balança pende para o meio. E esta consigo com muito esforço, pois sem ele sou apenas um espectro. Mas e família? Amigos? Onde estão? Estão atrás de mim, cobrando minha presença. Cobrança que entristece, pois gostaria muito de estar com eles também. Já estou me vendo aos 70, chorando por aqueles que deveria ter dedicado mais tempo e pelos amigos que esqueci no caminho.

saúde

Nem me diga, esta está debilitada.
.
.
.
.
.
.

What´s the meaning of life?

Why am I here for?

30.5.08

Tava pensando. Se Picasso fosse diretor de arte ele tava fudido.

16.5.08

Você.
Imenso prazer transbordante.
Minha mão acariciando seus cabelos. Casa.
Meu corpo no seu se encaixa, como quebra-cabeça, como blocos de montar.

Você.
Parte integrante de mim.
Pedaço de mim.
Encontrei finalmente o que faltava, quem faltava.

Você.
E eu.
E você.
E eu.

Só você e eu.

18.4.08

midnight.

Meia-calça.
Salto alto.
Clap. Clap. Clap.

Fumaça.
Charuto.
Ela observa por trás de suas lentes azul-turquesa.

Jogos.
Jogos sujos, desnecessários e infames.
Joga sua franja de lado e ajeita-se na cadeira.

Piano.
Piano, voz e sax.
Piano, voz, sax e baixo.
Voz.
Piano e baixo.
Baixo.
Voz.

16.4.08

eleven.

Pés. Um dois três quatro.
Quanta gente morreu aqui?
Olá, sou Kevin, você sabe o que aconteceu?
Caiu, morreram. É tudo que sei.
Pés. Cinco seis sete oito.
Mas o quê? Como assim?
Terrorismo! Estes terroristas!
Será que tinha algum amigo lá dentro? Meu Deus, que desgraça.
Pés. Nove dez onze doze.
Poeira chove do céu.
Seus óculos se enchem de pó, entranhas, pele, cabelo, coração, vidas, almas, amores, mortes.
Pés. Treze quatorze quinze dezesseis.
Meus filhos! Meus filhos poderiam estar lá! Graças a Deus, estão em casa. Mas os filhos de outros estavam naquele lugar.
Parou. Não podia acreditar.
É o fim do mundo.
Pés.

true lies.

Têm cor de burro-quando-foge.
Cheiram a xixi podre.
Rastejam pelo chão.
Comem poeira e resto de catarro.
Dormem abraçadas ao lixo.
Temem a luz.
Vão à igreja.

10.4.08

got it.
















A verdade estava escondida por trás das pastas.
A verdade era que eu não era aquelas pastas, mas o fundo delas.

Quando sua vida atinge um nível de perfeição, você começa até a duvidar.
Mas será?

Pois é, de fato nem tudo é perfeito. Viverei como Mogli, somente com o necessário, pois o extraordinário é demais.
Porque se a gente acha que não pode mais conseguir nada, a gente se perde naquilo que idealiza.

Só estará perfeito quando completar 80 anos.
Até então, é luta, dia após dia.

(Mas como é doce o sabor de um sonho!)

8.4.08

aleatório.

Duas horas da manhã.
Tinha medo do escuro.
Tinha medo da vida.

Quase caíra de cara no chão.
A poeira toca seus dedos.
Dedos tateiam as paredes.

Pequeno e triste.
Triste e pálido.
Pálido e magro.

Comida.
Bebida.
Saúde.
Saudade.

Casta.
Costas.
Drogas.

7.4.08

1984.

eu: hoje eu to com vontade de fugir.
nao de tirar ferias, pq nas ferias a gente sabe que vai ter q voltar
eu queria fugir mesmo
parece que a gente fica preso numa redoma de vidro invisivel
ele: i know the feeling...
eu: que nos impede de fugir
não é bizarro?
ele: é. mas é real.

2.4.08

A vida é boa.

Ele.

Bife a parmegiana.
Polenta frita.
Arroz com brócolis.
Creme de palmito.
Pepsi Light.

Ele.

Cheesecake.

Ele.

Ele.

Ele.

Ele.

26.3.08

parla.

Quando soube da notícia, quase não acreditou. Ha! E ela passou a amar os avisos do Gmail. Não há mais censura, pensou. O mais engraçado era que sempre fora assim. Sua opinião sempre causara rebuliço. Ácida? Completamente verdadeira? Ambos?
Sentia-se totalmente como Carie Bradshaw. Ah, Carie, musa das mocinhas pós-modernas!

25.3.08

girls.

Ele me disse que devia ter menos amigas mulheres e gays.
A verdade, o grande erro de tudo isso, é que às vezes nem é o fato de ter amigas mulheres ou gays, é mais o fato de não saber lidar com o peso disso.

Mulheres, oh mulheres! Raça possessiva por natureza e invejosa como só. Digo porque sou mulher e grande observadora. Quando brigam, mulheres puxam cabelos, e é para destruir o penteado. They call us "cheap date". São tão orgulhosas e egoístas que querem para si aquilo que ou já perderam ou nunca tiveram. Raivosas, desesperadas, incompreensíveis. Coitadas.

Na verdade somos todas umas pobres coitadas. Num mundo individualista e competitivo, nos agarramos no primeiro coqueiro tropical numa ventania pós-tsunami.

Se uma coisa que aprendi na vida foi sempre ter um pezinho atrás com amizades femininas. Precaução nunca é demais.

Cheap date, my ass.

20.3.08

la saga.

Foi engraçado. Um cara ligou aqui no meu ramal e disse:

"Oi, você é da área de atendimento?"
"Sou"
"Eu sou da empresa X e gostaria de fazer um projeto com vocês. Podemos marcar um horário e fazer uma reunião para eu passar o briefing?"

Se há um ano atrás eu diria "claro, que dia é melhor para você?" hoje eu passei a ligação para outra pessoa. O mais engraçado é que isto aconteceu segundos após assistir "La Saga del Atendimento". Antes, eu tinha uma empresa nas mãos e fechava acordos com micro e pequenos empresários. Hoje, mesmo que os grandes empresários no fim tenham o mesmo discurso do João da Padaria, eu não resolvo nada, nada está completamente em minhas mãos.

Daí vem aquela coisa de ser ecana. É uma puta responsabilidade (e também um prazer). Eu beijo a camisa da ECA e grito bem forte para todos ouvirem "Esta é a escola que todos desejam mais poucos conseguem entrar!". Será que foi assim que todos os ecanos fodões começaram? Passando a ligação para outra pessoa? Às vezes eu penso se não deveria ser mais pró-ativa, mesmo não sabendo ao certo qual o limite da pró-atividade. Numa empresa junior, não há limite. Mas aqui? Deveria eu ter fechado uma reunião com o cara? Seria o certo? Talvez é essa dúvida que me impede de ir em frente.

19.3.08

science of sleep.



Às vezes é chato pácaralho sonhar. Às vezes é legal também, mas às vezes é chato.
É ruim porque você meio que não domina. E o mesmo tipo de sonho pode se repetir durante a semana toda, só para te encher o saco. E daí você já acorda lamentando o sonho que deveras teve. E odeia o dia que aquele sonho apareceu em sua mente. E todo o resto do dia fica contaminado pelo sonho e você quer rezar para sonhar outras coisas, mas fudeu, daí que você sonha de novo.
Eu me lembro do Beakman e a receita de sonho. Bullshit.
É como o Stephane TV.
Na verdade você tenta até reatar amizades, visitar sua mãe mais vezes, evitar a boneca de pano do quarto da sua avó. Mas não seria isso tudo "maya", ilusão passageira? Quem disse isso? Meu subconsciente underground?
Bullshit.

18.3.08

Ele já sabia.

Era uma casa muito engraçada
Não tinha teto, não tinha nada
Ninguém podia entrar nela não
Porque na casa não tinha chão
Ninguém podia dormir na rede
Porque na casa não tinha parede
Ninguém podia fazer pipi
Porque penico não tinha ali

Mas era feita com muito esmero
Na rua dos bobos, número zero


Vinícius de Moraes

17.3.08

cool.

Eu meio que desisiti daquele processo todo.
Bah, não quero ser coolhunter.
Eu visito sites enlouquecidamente o dia todo em busca de coisas bacanas; ok, posso ser coolhunter, mas não coolposter. Porque é um saco ficar blá blá blá novo filme de não sei quem blá blá blá....
Já passou-se o tempo.

Tem muitos sites legais de coolhunting por aí.

Vou falar de coisas doidas.

Coisas sem noção da minha mente insana.

Yeah.

13.3.08

chuva.

Eu queria que chovesse mesmo. É isso aí.
Queria que a água escorresse por entre os tijolos sujos desta cidade.
Queria que houvesse o espelho. Todas as luzes refletidas no asfalto.

Isso me lembra os quatorze. Seis da tarde, minha mãe traz pão quente pra gente comer com manteiga. Meu pai chega e conversa sobre os problemas na cozinha. Vinicius quer arroz e bife. Victor vai ver tevê no quarto. Leio Capricho na sala. Todo mundo falando alto. Tá chovendo lá fora e eu vestindo pijama. Quem diria que estaria aqui agora? Minhas preocupações limitavam-se a como conquistar o gatinho dos meus sonhos e quando tocaria minha música favorita na rádio. Vez ou outra, pensar em coisas profundas, mas tão superficialmente quanto uma poça d'água.

O que quer que tenha acontecido comigo oito anos depois, acho que não conseguiu apagar o sentimento dos dias frios e chuvosos. O pensamento de uma garota que nem sempre está preparada para atender o telefone e ter que resolver problemas. Que nem sempre acha fácil encarar uma casa vazia quando abre a porta. Que às vezes só queria ver Sessão da Tarde e fazer brigadeiro de panela.

Não espero mais minha música no rádio, hoje há o Itunes Shuffle. Capricho fala de bandas que não conheço e de meninos demasiadamente novos. Meu núcleo familiar desmanchara-se como massa de pastel.

E chove. A chuva persiste.

10.3.08

work.

Dizem que o trabalho dignifica o homem. Eu acho que às vezes ele só o deixa digno de levar uns tabefes.
Com tanta coisa no mundo bela de se ver, a gente fica enfiado em uma baia cor de gelo e com a cara grudada numa tela o dia inteiro.
Estou ouvindo a trilha de Amélie e pensando em paz ou no paraíso. Queria me enfiar numa caixa de Sedex 10 e ir direto para onde não me achem.
Será esse sentimento fruto das planilhas de excel e das ligações para Brasília? Ou melhor: da sensação constante que lateja em meu peito, da alegria deslizante de ser abraçada, dos olhos felizes que me enchem de coragem e me fazem falta aqui neste mundo seco e cinza do mundo corporativo? Com certeza, uma junção dos dois.

Quero pegar minha capa de chuva e minhas botas de plástico cor-de-rosa, correr dois quilômetros na planície molhada de orvalho da manhã, sentar na beira de um rio calmo e desenhar carinhas na terra com um graveto.
Quero amanhecer ao lado dele, olhar a janela que mostra o mar azul, me espreguiçar lentamente e voltar a dormir.
Quero pegar minha bicicleta de cestinha e desviar das vendedoras de flores, condimentos, tapetes e colares. Comprar pão fresquinho na padaria e voltar feliz porque é domingo.

Afinal, o que é vida? Porque estamos todos aqui? Para passar oito horas numa baia cor de gelo a troco de um vestido com lacinho e uma bolsa florida?

3.3.08

Memória.

Maria, este era o nome por falta de nomes.
Maria entrou na sala que era sua mente. Ouvira dizer que a cabeça da gente é como um grande cômodo de uma casa, em que a gente vai acumulando livros, filmes, diários, quadros, pessoas, revistas, paisagens, animais... E que é preciso saber muito bem como organizar a coisa toda, senão pode-se ficar perdido em pilhas e pilhas de informação.
No fundo da sala, uma grande lareira ardia intensamente. Suas chamas consumiam até o teto e enegreciam as paredes de tijolos. Todos os dias, Maria retirava da pilha de coisas um punhado de revistas de fofoca, algumas planilhas de excel e uma grande, uma gigante quantidade de CDs e fitas de vídeo.
No entanto, Maria sabia que nem tudo queima à mesma velocidade. Na grande fogueira do fundo da sala, ainda ardiam lembranças desagradáveis de quinze ou dez anos atrás. Mesmo que restasse apenas carcaça, elas ainda estavam lá, vivas. E Maria sabia disso. E agora que já se passaram quase trinta anos, ela nem se importava mais, esperava calmamente a completa consumação das sobras de seu passado com as quais aprendera a conviver.
De resto (se podia chamar aquela mostruosidade de resto), a sala tinha inúmeras galerias que se mostravam a medida que andava. Algumas ficaram esquecidas no tempo e, quando se abriam de repente, Maria esboçava diferentes reações: susto, surpresa, alegria, ódio...
Havia as salas favoritas, aquelas que Maria passava horas e horas, deitada no tapete felpudo de pele (falsa) de carneiro e absorta nas pilhas gigantescas de informação.
E, antes que as pilhas caíssem sobre sua cabeça e o chão se abrisse e ela ficasse sufocada, Maria fazia o que mais gostava: sair da sala.

25.2.08

Dogville?

20.2.08

Como não querer gritar para o mundo todo ouvir?
Como não querer correr, pular, fugir?
É absolutamente inebriante a sensação de estar assim,
Querendo a todo momento, cada segundo palpitando.

19.2.08

Paris é linda como vcs...
Sabia que estava perdidamente encrencada. Por mais que ele viesse com uma rosa nas mãos e todo sentimento do mundo, ela suspirava devido a toda complicação intrínseca que aquilo acarretava. E por mais que conseguisse vislumbrar um futuro bonito, ele não estava senão somente em seus sonhos utópicos.

18.2.08

A única metafísica das coisas é não ter metafísica alguma

Suspensa no ar por uma bolha de sabão, ela tenta a todo custo enxergar até onde isso tudo vai dar.
Próximo ao horizonte, duas grandes árvores; uma verde e cheia de frutos, outra amarelada do outono breve. São as duas maiores árvores do mundo, dizem. Entre as duas, um rapaz observa sentado no chão com seus binóculos de longo alcance.
Um aceno. Um grito agudo.
"Salvem as bromélias vermelhas, elas são tudo que sobrou deste mundo pós-contemporâneo vazio e sem esperança!"
De dentro de um buraco na grama, um castor mostra seus dentes sujos. De dentro da bolha de sabão, ela luta para evitar o choro.
Ao longe, uma música suave corta os fios de eletricidade. Os flamingos rodopiam na água e evocam os deuses do amor inefável.
Neste momento, o sol queima os sonhos loucos do bêbado solitário. E a estrela diz baixinho em seu ouvido que tudo vai terminar como num conto de fadas.

14.2.08

vontade

óculos escuros. estrada. campo gramado. olhar para cima. sentir o vento.

12.2.08

aspecto no. 2

De todos, o aspecto no. 2 é o mais estável. Talvez a ECA seja o antro de pessoas legais, iupiii, que eu vou levar para o resto da vida. A verdade é que por mais que eu às vezes me encha do espírito ecano, estes momentos são raros e logo dissipados, normalmente pelo próprio espírito ecano.
É assim que acontece. Desco do C. UNIVERSITÁRIA (muitos tremem só de ver esse nome escrito desta forma), passo pelos bancos, atravesso a ruazinha e chego na prainha. Uns mundrungos, uns gautiês e às vezes ninguém (na época de férias quando era da Jr.)... sim, a ECA é o paraíso. Mas como toda entidade extrafísica, a ECA pode estar em qualquer lugar: no carro do Arrais, nas conversas com a Jéssica, no circuito cultural da Gábe, na Maloca, no Rei das Batidas, no Center 3 ou num alojas qualquer de uma cidadezinha do interior.
Por mais que eu me esforce, sei o quão efêmeras são as relações extra-ECA. E seja talvez esse parte de meu desespero: haverá amizade boa e forte com não-ecanos? Na verdade há, mas é mais dificil de se encontrar. No entanto, quando se encontra, é preciso agarrar muito forte e não deixar escapar.

Meu maior amigo não-ecano, por exemplo: Tim Burton. (Ok, momento esquizofrênico. Rs.)

11.2.08

aspecto no. 1

Em se tratando do aspecto no. 1, as coisas estão tão incertas como qualquer coisa realmente obscura e incerta. Às vezes eu acho que Deus, ou qualquer entidade divina ou especialmente poderosa, vê sua vida às mil maravilhas e pensa: nããão.... Daí tudo vem abaixo e você fica sem chão.
Ok, e aí você me diz: aaaiii que deprê, ou, poxa, mas é assim com todo mundo!
E é mesmo! É assim com todo mundo, menos com nossos avós ou com o Tony Ramos. E por ser assim com todo mundo eu me pergunto se não é a porra dos seres humanos que não sabem o que pensar nessa vida e fazem um monte de porcaria.

Aliás, acho que a maior besteira do universo é assistir filmes do tipo deste aqui embaixo, porque você fica aaahhh que lindo, tudo dá certo no final. Na verdade, em "O Casamento do Meu Melhor Amigo" dá tudo errado pra Juliane (Julia Roberts) e no fim ela vai dançar alegremente com seu amigo gay. Ok, ontem eu brinquei de wii com meus amigos, nem todos gays, e isso me fez relativamente bem.

Tem uma foto bem bicha de uma obra do Bansky aqui no meu desktop:



Ahh, mega bicha, falaí.

Realmente, este post está me fazendo sentir uma miss desmiolada e meu sempre presente auto-sacarsmo não me deixa ficar fazendo frescurinhas por muito tempo.

Cabô.

the moment just passes you by

8.2.08

Deitada, olhando para cima, ela disse:

Lima Duarte! O que eu faço?

7.2.08

Completamente identificada com os versos de Spektor em Fidelity.

6.2.08

Cinquenta.

50.

Esta é escola que todos desejam mas poucos conseguem entrar!

Hahahahahahahaha
Nem mil comprimidos para dormir aliviariam o sentimento ora doce ora amargo de estar no meio-fio de suas próprias ilusões e esperanças. Nem a receita caseira da avó ou a erva mais proibida dos trópicos seria capaz de suspender a palpitação nervosa que em seu peito rugia loucamente.

"Descalça vai para a fonte,
Leonor pela verdura;
Vai formosa, e não segura"
Camões

31.1.08

Bom dia.
Um belo dia não?
Todas as janelas se abrem para apreciar o horizonte de idéias que surge no limiar da espessa camada de poluição que bloqueia nosso azul.
Pessoas se acotovelam nas ruas, mas é porque gostam de contato humano.
Carros buzinam em nome do amor.
A barraquinha da esquina vende bolos do mais puro milho verde de Piracicaba.
O rapaz da sarjeta acorda feliz com suas pulgas.
Todos são felizes por onde passo.
Todos estão satisfeitos.
Se pudessem, todos cantariam juntos uma mesma canção!

"A sorrir eu pretendo levar a vida, pois chorando eu vi a mocidade perdida"

30.1.08

Ow, Gondry é mega foda.

29.1.08

João é um em duzentos.
Entre duzentos, ele ganhou uma viagem para Roma, com acompanhante e tudo pago.
João tem medo de voar.
João recusou a viagem para Roma com acompanhante e tudo pago.
Ele prefere eletrodomésticos.


Isso existe.
Eu estou cuidando do caso de João.
Eu gosto de chuva, até.
Num sábado a tarde comendo besteiras na frente da tv.
Ou depois de um dia muito quente.
Cheiro das primeiras gotas tocando a terra seca.

Vinte e dois.
Vinte e dois às dez e trinta e cinco de vinte e oito de janeiro de dois mil e oito.
É bom.
É bacaninha.
É a glória individual do ser.
É a glória dos genitores orgulhosos.
A glória das floriculturas.
A euforia dos vendedores de vela.

Ano que vem, vinte e três. Mas agora vinte e dois.

Ilusões peremptórias espaço-temporais.

28.1.08

feliz aniversário

envelheço na cidade

22.1.08

Depois de ter vivido o óbvio utópico
te beijar
e de ter brincado sobre a sinceridade
e dizer quase tudo quanto fosse natural
Eu fui praí te ver, te dizer:

Deixa ser.
Como será quando a gente se encontrar ?
No pé, o céu de um parque a nos testemunhar.
Deixa ser como será!
Eu vou sem me preocupar.
E crer pra ver o quanto eu posso adivinhar.

21.1.08

O trem chacoalhava como uma lata amassada na sarjeta.
A noite reinava. Rostos cansados, crianças malabaristas e discussão de futebol.
Era um homem, sobretudo marrom, botas gastas, chapéu de cowboy.
Não tinha idade. Alguns davam-lhe trinta anos, outros, noventa e cinco.
Em seu andar, o deslize suave de quem antecipa o segundo seguinte.
A cada passo que dava, um olhar a fitá-lo.
As luzes se apagam.
O homem riu.

17.1.08

Dúvida grande
Existe amor eterno?
Existe a chama da paixão que nunca se apaga?
Existe apenas um amor? Ou vários?
Por que quando a gente se apaixona nem sempre a gente pode declarar?
Por que a gente tem que esperar o momento certo?
Por que quando a gente diz, dá tudo errado?
Por que que quando a gente não corre atrás as coisas acontecem?
Por que se importar demais resulta em indiferença muitas vezes?

Não podia ser mais simples?

Não podia haver uma luz que brilhasse quando a gente encontra a pessoa certa?
Ou, que essa luz brilhasse para ambos?

16.1.08

Minha vida são as letras dos hermanos;

15.1.08

Sentou-se no chão nu da sala antiga e abriu o livro de sua vida.
Restos de alegria picotados com vapor. Uma história que não viveu, de pessoas que não conheceu.
Um dilema e uma ilusão. Uma esperança de que fosse bem-aventurada aquela jornada.
Tinha medo de que estivesse confusa. Tinha medo de estar sonhando. Tinha medo de ser a vilã daquela história toda mal-contada.
Em seu peito, residia o sentimento de que não, era uma pessoa correta e boa. Mas não seria apenas uma grande egoísta e manipuladora?
Se houvesse destino, ele resolveria. Traria em suas mãos a melhor escolha, colocaria em sua boca as palavras certas e por fim receberia um presente. Coelhinhos pulando na relva e cavalinhos bebendo água da fonte.

9.1.08

um dia de fúria

Uma vez, uma amiga me contou que quando uma grande mudança inesperada acontece em nossa vida, passamos por quatro fases distintas: negação, raiva, tristeza e aceitação.
Com certeza estava na transição da fase de raiva para a de tristeza ontem. Joguei tudo de mal que havia em mim para cima dele e ainda desejei que outras pessoas tivessem o mesmo fim que tive. Não me orgulho disso. Não me orgulho de mim mesma. Mas agora já foi.
Tudo é passado.

8.1.08

Let me take you down, 'cause I'm going to Strawberry Fields.
Nothing is real and nothing to get hung about.
Strawberry Fields forever.

7.1.08

Dia da marmota

Ontem assistimos ao clássico das sessões da tarde "Feitiço do Tempo", mais conhecido por ser aquele do Dia da Marmota e que o Luli adora comparar à ECA Jr. Enfim, ele não era nenhuma novidade para mim, mas, filosofando sobre o assunto aqui com meus botões, consegui tirar uma conclusão.
É que o cara do filme, um repórter chato chamado Phil, vive repetidamente o Dia da Marmota por quase um ano. Ele tenta até se matar, mas não tem jeito: acorda toda vez às 6:00 h do dia 2 de fevereiro. Já que não pode fugir, Phil começa a tirar proveito da situação. Ele não só aprende várias coisas, como muda seu jeito arrogante e egoísta de ser e passa a ser amado pela população da pequena cidade da marmota.
Aí, o que eu pensei: quantas pessoas não vivem eternamente o Dia da Marmota? Que mantém-se iguais dia após dia e não mudam nada em suas vidas? Que não evoluem e voltam sempre a estaca zero?

E você, vive o Dia da Marmota em algum aspecto de sua vida?

4.1.08

Eu já tava pegando no sono quando ouvi a porta da frente abrir e um "ahhh" inconfundível. Era a Débora, a monga master da fazenda que voltava para esta terra. Em seu abraço afobado, recebi toda a recepção do mundo e nos dias seguintes, os papos e as risadas da sala me mostraram, de novo, que um lar paulistano poderia ser agradável.

2.1.08

Mergulhada na piscina, flutuando com uma bóia de cavalinho enfiada no pescoço, eu não pensava em absolutamente nada, apenas via meus dedos da mão brincando na imensidão azul. Se podia existir alguma paz no mundo, algo como o olho de um furacão ou o silêncio pós-bomba atômica, aquela era a paz absoluta, a paz bendita após um momento maldito.

Numa época de mudanças, foco-me na supervalorização do ego em detrimento dos amores sofridos. Portanto, a água morna da piscina deserta remete a mim mesma, apenas eu, e mais ninguém.

Já não existem mais esperanças, como disse Mário Quintana, e essa é a frase do ano, "a esperança é um urubu pintado de verde". O que existe é essa labuta dia pós dia, e a gente não sabe onde vai estar amanhã, só sabe que tem um dinheiro na conta corrente e que pode usar quando juntar alguma coisa.

Sinto algo que não sentia desde os quinze. Fico com vontade de colar recortes em meu fichário e de ver um filme com a minha mãe. Olho em volta e percebo que estou totalmente deslocada, mas ao mesmo tempo um fiozinho de alegria percorre minhas veias, mesmo que as vezes não perceba.

Talvez eu não realize nada de extraordinário este ano, talvez eu realize, quem sabe? Tenho meu próprio tempo, tenho quase 22 anos e tenho uma vida para tocar. Não quero me basear nas modas, na piada do momento, na musiquinha pop irritantezinha, nas esperanças furadas e no passado ausente.

Virei uma pseudo-cult-intelectual-chata. E tenho ódiozinho neste coraçãozinho. Porque eu não me importo com as formalidades.