18.2.08

A única metafísica das coisas é não ter metafísica alguma

Suspensa no ar por uma bolha de sabão, ela tenta a todo custo enxergar até onde isso tudo vai dar.
Próximo ao horizonte, duas grandes árvores; uma verde e cheia de frutos, outra amarelada do outono breve. São as duas maiores árvores do mundo, dizem. Entre as duas, um rapaz observa sentado no chão com seus binóculos de longo alcance.
Um aceno. Um grito agudo.
"Salvem as bromélias vermelhas, elas são tudo que sobrou deste mundo pós-contemporâneo vazio e sem esperança!"
De dentro de um buraco na grama, um castor mostra seus dentes sujos. De dentro da bolha de sabão, ela luta para evitar o choro.
Ao longe, uma música suave corta os fios de eletricidade. Os flamingos rodopiam na água e evocam os deuses do amor inefável.
Neste momento, o sol queima os sonhos loucos do bêbado solitário. E a estrela diz baixinho em seu ouvido que tudo vai terminar como num conto de fadas.

Um comentário:

caio paganotti disse...

perfeito! tudo é inebriavelmente perfeito...