31.1.08

Bom dia.
Um belo dia não?
Todas as janelas se abrem para apreciar o horizonte de idéias que surge no limiar da espessa camada de poluição que bloqueia nosso azul.
Pessoas se acotovelam nas ruas, mas é porque gostam de contato humano.
Carros buzinam em nome do amor.
A barraquinha da esquina vende bolos do mais puro milho verde de Piracicaba.
O rapaz da sarjeta acorda feliz com suas pulgas.
Todos são felizes por onde passo.
Todos estão satisfeitos.
Se pudessem, todos cantariam juntos uma mesma canção!

"A sorrir eu pretendo levar a vida, pois chorando eu vi a mocidade perdida"

30.1.08

Ow, Gondry é mega foda.

29.1.08

João é um em duzentos.
Entre duzentos, ele ganhou uma viagem para Roma, com acompanhante e tudo pago.
João tem medo de voar.
João recusou a viagem para Roma com acompanhante e tudo pago.
Ele prefere eletrodomésticos.


Isso existe.
Eu estou cuidando do caso de João.
Eu gosto de chuva, até.
Num sábado a tarde comendo besteiras na frente da tv.
Ou depois de um dia muito quente.
Cheiro das primeiras gotas tocando a terra seca.

Vinte e dois.
Vinte e dois às dez e trinta e cinco de vinte e oito de janeiro de dois mil e oito.
É bom.
É bacaninha.
É a glória individual do ser.
É a glória dos genitores orgulhosos.
A glória das floriculturas.
A euforia dos vendedores de vela.

Ano que vem, vinte e três. Mas agora vinte e dois.

Ilusões peremptórias espaço-temporais.

28.1.08

feliz aniversário

envelheço na cidade

22.1.08

Depois de ter vivido o óbvio utópico
te beijar
e de ter brincado sobre a sinceridade
e dizer quase tudo quanto fosse natural
Eu fui praí te ver, te dizer:

Deixa ser.
Como será quando a gente se encontrar ?
No pé, o céu de um parque a nos testemunhar.
Deixa ser como será!
Eu vou sem me preocupar.
E crer pra ver o quanto eu posso adivinhar.

21.1.08

O trem chacoalhava como uma lata amassada na sarjeta.
A noite reinava. Rostos cansados, crianças malabaristas e discussão de futebol.
Era um homem, sobretudo marrom, botas gastas, chapéu de cowboy.
Não tinha idade. Alguns davam-lhe trinta anos, outros, noventa e cinco.
Em seu andar, o deslize suave de quem antecipa o segundo seguinte.
A cada passo que dava, um olhar a fitá-lo.
As luzes se apagam.
O homem riu.

17.1.08

Dúvida grande
Existe amor eterno?
Existe a chama da paixão que nunca se apaga?
Existe apenas um amor? Ou vários?
Por que quando a gente se apaixona nem sempre a gente pode declarar?
Por que a gente tem que esperar o momento certo?
Por que quando a gente diz, dá tudo errado?
Por que que quando a gente não corre atrás as coisas acontecem?
Por que se importar demais resulta em indiferença muitas vezes?

Não podia ser mais simples?

Não podia haver uma luz que brilhasse quando a gente encontra a pessoa certa?
Ou, que essa luz brilhasse para ambos?

16.1.08

Minha vida são as letras dos hermanos;

15.1.08

Sentou-se no chão nu da sala antiga e abriu o livro de sua vida.
Restos de alegria picotados com vapor. Uma história que não viveu, de pessoas que não conheceu.
Um dilema e uma ilusão. Uma esperança de que fosse bem-aventurada aquela jornada.
Tinha medo de que estivesse confusa. Tinha medo de estar sonhando. Tinha medo de ser a vilã daquela história toda mal-contada.
Em seu peito, residia o sentimento de que não, era uma pessoa correta e boa. Mas não seria apenas uma grande egoísta e manipuladora?
Se houvesse destino, ele resolveria. Traria em suas mãos a melhor escolha, colocaria em sua boca as palavras certas e por fim receberia um presente. Coelhinhos pulando na relva e cavalinhos bebendo água da fonte.

9.1.08

um dia de fúria

Uma vez, uma amiga me contou que quando uma grande mudança inesperada acontece em nossa vida, passamos por quatro fases distintas: negação, raiva, tristeza e aceitação.
Com certeza estava na transição da fase de raiva para a de tristeza ontem. Joguei tudo de mal que havia em mim para cima dele e ainda desejei que outras pessoas tivessem o mesmo fim que tive. Não me orgulho disso. Não me orgulho de mim mesma. Mas agora já foi.
Tudo é passado.

8.1.08

Let me take you down, 'cause I'm going to Strawberry Fields.
Nothing is real and nothing to get hung about.
Strawberry Fields forever.

7.1.08

Dia da marmota

Ontem assistimos ao clássico das sessões da tarde "Feitiço do Tempo", mais conhecido por ser aquele do Dia da Marmota e que o Luli adora comparar à ECA Jr. Enfim, ele não era nenhuma novidade para mim, mas, filosofando sobre o assunto aqui com meus botões, consegui tirar uma conclusão.
É que o cara do filme, um repórter chato chamado Phil, vive repetidamente o Dia da Marmota por quase um ano. Ele tenta até se matar, mas não tem jeito: acorda toda vez às 6:00 h do dia 2 de fevereiro. Já que não pode fugir, Phil começa a tirar proveito da situação. Ele não só aprende várias coisas, como muda seu jeito arrogante e egoísta de ser e passa a ser amado pela população da pequena cidade da marmota.
Aí, o que eu pensei: quantas pessoas não vivem eternamente o Dia da Marmota? Que mantém-se iguais dia após dia e não mudam nada em suas vidas? Que não evoluem e voltam sempre a estaca zero?

E você, vive o Dia da Marmota em algum aspecto de sua vida?

4.1.08

Eu já tava pegando no sono quando ouvi a porta da frente abrir e um "ahhh" inconfundível. Era a Débora, a monga master da fazenda que voltava para esta terra. Em seu abraço afobado, recebi toda a recepção do mundo e nos dias seguintes, os papos e as risadas da sala me mostraram, de novo, que um lar paulistano poderia ser agradável.

2.1.08

Mergulhada na piscina, flutuando com uma bóia de cavalinho enfiada no pescoço, eu não pensava em absolutamente nada, apenas via meus dedos da mão brincando na imensidão azul. Se podia existir alguma paz no mundo, algo como o olho de um furacão ou o silêncio pós-bomba atômica, aquela era a paz absoluta, a paz bendita após um momento maldito.

Numa época de mudanças, foco-me na supervalorização do ego em detrimento dos amores sofridos. Portanto, a água morna da piscina deserta remete a mim mesma, apenas eu, e mais ninguém.

Já não existem mais esperanças, como disse Mário Quintana, e essa é a frase do ano, "a esperança é um urubu pintado de verde". O que existe é essa labuta dia pós dia, e a gente não sabe onde vai estar amanhã, só sabe que tem um dinheiro na conta corrente e que pode usar quando juntar alguma coisa.

Sinto algo que não sentia desde os quinze. Fico com vontade de colar recortes em meu fichário e de ver um filme com a minha mãe. Olho em volta e percebo que estou totalmente deslocada, mas ao mesmo tempo um fiozinho de alegria percorre minhas veias, mesmo que as vezes não perceba.

Talvez eu não realize nada de extraordinário este ano, talvez eu realize, quem sabe? Tenho meu próprio tempo, tenho quase 22 anos e tenho uma vida para tocar. Não quero me basear nas modas, na piada do momento, na musiquinha pop irritantezinha, nas esperanças furadas e no passado ausente.

Virei uma pseudo-cult-intelectual-chata. E tenho ódiozinho neste coraçãozinho. Porque eu não me importo com as formalidades.