2.1.08

Mergulhada na piscina, flutuando com uma bóia de cavalinho enfiada no pescoço, eu não pensava em absolutamente nada, apenas via meus dedos da mão brincando na imensidão azul. Se podia existir alguma paz no mundo, algo como o olho de um furacão ou o silêncio pós-bomba atômica, aquela era a paz absoluta, a paz bendita após um momento maldito.

Numa época de mudanças, foco-me na supervalorização do ego em detrimento dos amores sofridos. Portanto, a água morna da piscina deserta remete a mim mesma, apenas eu, e mais ninguém.

Já não existem mais esperanças, como disse Mário Quintana, e essa é a frase do ano, "a esperança é um urubu pintado de verde". O que existe é essa labuta dia pós dia, e a gente não sabe onde vai estar amanhã, só sabe que tem um dinheiro na conta corrente e que pode usar quando juntar alguma coisa.

Sinto algo que não sentia desde os quinze. Fico com vontade de colar recortes em meu fichário e de ver um filme com a minha mãe. Olho em volta e percebo que estou totalmente deslocada, mas ao mesmo tempo um fiozinho de alegria percorre minhas veias, mesmo que as vezes não perceba.

Talvez eu não realize nada de extraordinário este ano, talvez eu realize, quem sabe? Tenho meu próprio tempo, tenho quase 22 anos e tenho uma vida para tocar. Não quero me basear nas modas, na piada do momento, na musiquinha pop irritantezinha, nas esperanças furadas e no passado ausente.

Virei uma pseudo-cult-intelectual-chata. E tenho ódiozinho neste coraçãozinho. Porque eu não me importo com as formalidades.

Um comentário:

J. J disse...

É... malditos pseudos-cults-intelectuais-chatos... Desde que entrei para facul de história, a tv não é apenas a tv, a democracia não é apenas a democracia, o barroco se tornou "barroco", e acho até que já não tenho mais tantas opiniões próprias pois estou sempre citando alguém, hehe. Malditos pseudos-cults-intelectuais-chatos.
É engraçado ler esse seu post, pois estou em um momento muito parecido, desisti daquele plano inexorável traçado para minha vida e para ser feliz. Hoje cada vez mais aceito as decepções que me aparecem, não tenho mais esperanças... grande frase de Mário Quintana que há tempos reproduzo. A esperança é acomodada, é melhor não tê-la.
O mais legal é que essa valorização do eu, essa vida dia após dia, eu aprendi com "Sex and the City", haha, sério. Hoje acho que os limites não estão bem definidos, as cores estão borradas e o dia após dia é melhor do que planos traçados.
Sei lá, não sei se você me entendeu, mas blz.
Beijão