16.8.09

ele disse que o melhor era se fosse o contrário, se ela se esquecesse e ele tivesse que fazê-la se lembrar se assim fosse sua vontade. e, ignorando todas as placas, sinais, luminosos e neons, ela decidiu esquecer. não era o caminho da cinderela, nem o de bridget jones. era um caminho novo, adulto, que ela estava prestes a descobrir. se esquecer fosse parte dele, melhor para ela em todos os sentidos. quanto à ele, era melhor não confabular. que deixasse ir. e não pensar mais nele, mesmo com todos os luminosos, placas, neons e sinais. era preciso. era até bom.

9.8.09

breaking dawn.

No amanhecer eu não existo.

Eu apenas observo a vida dos outros diante de mim.

O amanhecer é mágico. Mágico da forma que gostaríamos que a realidade fosse.

Mas é a normalidade que reside além do amanhecer.

Por isso eu me refugio.

Escondo-me em suas entranhas.

Busco abrigo no simples ato de não participar.

No amanhecer, os problemas não são os meus.

No amanhecer é onde quero morar.

7.8.09

a teoria.

quando eu era criança, tive um sonho bizarro. não me lembro qual era, só da primeira coisa que disse para a minha mãe quando acordei: "mãe, rato de laboratório pode casar com rato normal?" sim, ela não entendeu. eu também não até recentemente.

qual o propósito da rodinha em que os ratos adoram correr? pois bem, também não sei. mas sei que minha terapeuta disse isso esses dias, que os ratos de laboratório correm naquela rodinha porque não têm noção de que aquilo não leva à lugar nenhum. eles acham que vão escapar uma hora, então é natural que na ânsia de ganhar liberdade, eles acelerem os passinhos miúdos, mas não saiam do lugar.

já o ratinho normal é aquele vagabundo, sujo e comedor de porcarias. mas ele não está num círculo vicioso, corre pelo mundo livremente, fugindo apenas de uma eventual vassourada.

pode ser que eu caia no "quem mexeu no meu queijo", mas a real é que um ratinho de laboratório não pode casar com um rato normal. eles têm visões de mundo diferentes e suas realidades são moldadas de acordo com tais visões.

no entanto, há esperanças. o ratinho malandro, aquele dos lixos e esgotos, pode muito bem empurrar o rato branquinho e aristocrata de sua rodinha, ou este último pode convencer o vagabundo de que vida de gaiola é super.

mãe, eu tenho a resposta para aquela pergunta de dezesseis anos atrás: eles podem sim, contanto que estejam correndo para a mesma direção.

5.8.09

4.8.09

prazeres Dalila.

Dalila gosta de:

Cantar desafinada e de propósito.
Andar descalça na grama úmida.
Ver como as bolinhas de gude parecem esconder um universo dentro delas.
Guarda-chuvinhas de chocolate.
Ver casais se beijarem na rua e sentir nojo.
O cheiro do cabelo de sua mãe.
Falar uma palavra diversas vezes até ela perder o significado.

Dalila não gosta de:

Fanta Uva.
Quando olham torto para ela na rua.
Novela.
Zumbido de mosquito.
Dançar de barriga cheia.
Acordar tarde.
Sentir que o resto do mundo não acha dela grande coisa.

3.8.09

ilusão

"É fácil, quando se é jovem, acreditar que aquilo que desejamos é nada mais que aquilo que merecemos, supor que, se queremos muito alguma coisa, é nosso direito divino tê-las."

Trecho de "Na Natureza Selvagem" de Jon Krakauer.