20.5.07

o relógio

Sempre que passávamos ao lado do Relógio, pensávamos como seria legal subir. "Antigamente qualquer um podia entrar, mas eles fecharam depois que uma mulher se jogou de lá".
A greve e a ocupação conseguiram fazer o que muitos almejavam há anos: quebraram a corrente, deixaram uma mensagem e o caminho aberto. Agora, a grande construção vertical convida a todos para conhecer suas entranhas.
Na sexta pós-Junior, somos impelidos para a praça. Damos a volta pelo laguinho e subimos as escadas. Uns passos e passamos pelo portão pichado. A primeira impressão é a de estarmos entrando em uma construção medieval. Vinte e poucos lances de escada estreita, ladeadas por finas estruturas de ferro. A cada dois lances, é preciso parar um pouco. Neste momento, percebo a falta de hemoglobinas e a dificuldade para respirar. A cada subida, um olhar para cima mostra a imensidão que já percorremos e a outra que temos a subir. De vez em quando, pessoas na contramão comentam o fabuloso. Falta um lance e quando chegamos, a surpresa: São Paulo é maravilhosamente linda a noite. É possível olhar 360 graus, como se estivessemos numa bolha no meio da grande cidade. Em um dos lados, a surpresa: o alinhamento perfeito entre Relógio, Avenida e prédio do Unibanco. Logo mais, toda a massa multicolorida de luzes. E nos corredores, estudantes contam suas histórias. Um deles achando perfeito o lugar para se matar, outros, falando que estão ba USP há séculos e que nunca achariam que chegariam ali, outros, só observando.
E quando demos por suficiente nossa estada, descemos com a sensação de uma grande aventura realizada. E no fim comento: "os bixos deveriam vir sempre aqui para conhecer sua faculdade". E ele: "não, vamos guardar só para nós". E eu concordo. Posso bater no peito e me formar tendo subino no Relógio. E não é um grande privilégio?

14.5.07

Não, eu não sou a favor da greve.
Chamem-me reacionária, hipócrita e o caralho a quatro.
Não entendo porque parar tudo é a melhor solução.
Decretos do Serra são horríveis, o Serra é horrível e foi a corja de burguesinhos ricos que fez dele o que hoje é. Um vampiro, sim, mas está no poder não graças a meu voto; posso dormir de consciência limpa.
Agora, se a tia da greve diz que no fundo isso tudo é para o bem de nossos estudantes, vamos ver quando a greve acaba: quando eles receberem reajuste salarial ou quando a educação melhorar. Uma ova!
Eu sou contra também porque, meu nível de educação, que já está precário, tende a ser nulo se eu não puder ter aulas, não puder acessar esse computador do Nica ou quando não puder usar a biblioteca. Além de prejudicar meu bolso, já que não teremos bandejão ou circular.
Mas no fim, que sou? Uma rolha no oceano.

9.5.07

Café.

Não sei se é por que é nosso segundo, não sei se é por que já sabia fazer aquilo, não sei se é por que queria que fosse perfeito, não sei se é por que estou saindo. O que sei é que dei todo sangue (e a saúde) para vê-lo acontecendo. De descer as cadeiras e colocá-las no lugar, almoçar lanche pequeno e ouvir Hotel California e correr para arrumar as mesas e colocar os queijos e comer os queijos e separar 5 garfos e 5 colheres e 4 pratinhos e 3 pratinhos e tirar os 3 pratinhos porque só eram 4 e meu deus cadê os triângulos, não são triângulos são cilindros e tomar 3 red bull e 2 litros de água. Quando ele chega, nossa que alto. Não fui recepcioná-lo, dessa vez não era meu. E ele conta mil histórias e eu não ouço porque é assim mesmo, coisas para organizar e de vez em quando me abaixo e abraço forte aquele que me abraça de volta e faz parecer o mundo muito confortável. Depois fico na frente, dessa vez ouvindo, só podia eu não ouvir. E fico com cara de salvem-me quando ele me olha para mudar as fotos e ele conta dos filhos desenterrando o tesouro. E depois da foto tudo míope, quero autógrafo de boba que sou, acho que para tornar aquilo mais intenso. E vou com ele para a ECA e falo besteiras, que horrível, haha. E ele assina meu papel tudo tremendo e desce e me diz tchau. Depois vai embora na moto, mobilete e eu ligo para minha mãe - tô do lado do Amyr. Uma dor de cabeça gigante lateja, lateja, lateja, vai estourar. De volta arruma tudo, arrumo nada, já deu o que tinha que dar. Mas mesmo assim rio ao ver o pega-pega, pula-pirata, corrida de caixas e apaga a luz. Porque essa é a minha gestão, essa é minha família, esses são meus amigos. E hoje começa inscrição do processo, já tá acabando e eu quero que os últimos meses sejam tão intensos como o arrumar para o café, parabéns para o café. E que essas pessoas sejam de mim parte integrante e que o sorriso nunca falte e a calma sempre reine.

Amyr, obrigada.

ECA Jr. obrigada pela dor de cabeça e cansaço mental. A dor latente é tão intensa quanto a pulsação do meu coração.

8.5.07

One thing I tell you:
Take it easy
Do your work
And sleep all night long

4.5.07

Invadiram a reitoria.

E para Immacolata, uma palavrinha:

Azeite.