Sempre que passávamos ao lado do Relógio, pensávamos como seria legal subir. "Antigamente qualquer um podia entrar, mas eles fecharam depois que uma mulher se jogou de lá".
A greve e a ocupação conseguiram fazer o que muitos almejavam há anos: quebraram a corrente, deixaram uma mensagem e o caminho aberto. Agora, a grande construção vertical convida a todos para conhecer suas entranhas.
Na sexta pós-Junior, somos impelidos para a praça. Damos a volta pelo laguinho e subimos as escadas. Uns passos e passamos pelo portão pichado. A primeira impressão é a de estarmos entrando em uma construção medieval. Vinte e poucos lances de escada estreita, ladeadas por finas estruturas de ferro. A cada dois lances, é preciso parar um pouco. Neste momento, percebo a falta de hemoglobinas e a dificuldade para respirar. A cada subida, um olhar para cima mostra a imensidão que já percorremos e a outra que temos a subir. De vez em quando, pessoas na contramão comentam o fabuloso. Falta um lance e quando chegamos, a surpresa: São Paulo é maravilhosamente linda a noite. É possível olhar 360 graus, como se estivessemos numa bolha no meio da grande cidade. Em um dos lados, a surpresa: o alinhamento perfeito entre Relógio, Avenida e prédio do Unibanco. Logo mais, toda a massa multicolorida de luzes. E nos corredores, estudantes contam suas histórias. Um deles achando perfeito o lugar para se matar, outros, falando que estão ba USP há séculos e que nunca achariam que chegariam ali, outros, só observando.
E quando demos por suficiente nossa estada, descemos com a sensação de uma grande aventura realizada. E no fim comento: "os bixos deveriam vir sempre aqui para conhecer sua faculdade". E ele: "não, vamos guardar só para nós". E eu concordo. Posso bater no peito e me formar tendo subino no Relógio. E não é um grande privilégio?
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