11.11.08

você

Eu fiquei um pouco menos mal ao te abraçar, mas eu sei que você nunca será meu como fora antes. Mesmo assim, você me fez tão bem por tanto tempo que me contento em sentir seu calor perto de mim. Porque eu odeio quando as pessoas somem das nossas vidas. Eu odeio quando elas dão tchau e você sabe que elas dizem que vão te visitar mas nunca visitam. Aí você chora muito, porque sabe que as pessoas são assim mesmo. E você tem que pensar positivo, que o mundo é cheio de gente legal e que você vai encontrar muitos amigos novos. Mas é ridículo, porque você sabe que igual a esta pessoa não tem mais, que você nunca mais vai viver o que viveu com ela e que tudo que você tentar será apenas uma pálida semelhança. E mesmo que você encontre outras pessoas, elas também vão sumir, e assim vai, até você ficar velhinho e olhar as fotos antigas dos seus, imaginando onde estão e se lamentando por ter fugido deles assim.

Mas sua presença alegrou minha alma, por mais que esteja chorando agora. Eu não queria dar tempo nenhum, queria que você viesse aqui agora pra gente ir no cinema ou tomar um açaí. Queria bater papo até ficar cansada e rir da nossa tão miserável vida. Porque eu odeio despedidas, e eu não quero me despedir de você.

Por fim, um trecinho do texto do livro do Ondjaki que é muito foda, e faz todo o sentido pra mim:

Nas despedidas acontece isso: a ternura toca a alegria, a alegria traz uma saudade quase triste, a saudade semeia lágrimas, e nós, as crianças, não sabemos arrumar essas coisas dentro do nosso coração.

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