3.3.09

televisão com cachorros

O barulho da rua é quase ensurdecedor. Buzinas, motores, gente falando, gente gritando, gente andando. Ali, a dois palmos de toda essa confusão, uma mulher parece alheia. Ela tenta a todo custo espremer um tubo de pasta de dente com um espelho barato. Sentada na calçada, veste uma blusa em frangalhos e sandálias de salto. Sua pele, que há tempos esquecera do que é banho, é levemente acariciada por seus dedos magros.
Os passageiros de um ônibus distante observam a cena, curiosos. Não é nada que lhes diga respeito, eles nada podem fazer. A realidade é muitas vezes um grande filme que a gente assiste com baldes de pipoca e coca-cola.

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