Quando soube da notícia, quase não acreditou. Ha! E ela passou a amar os avisos do Gmail. Não há mais censura, pensou. O mais engraçado era que sempre fora assim. Sua opinião sempre causara rebuliço. Ácida? Completamente verdadeira? Ambos?
Sentia-se totalmente como Carie Bradshaw. Ah, Carie, musa das mocinhas pós-modernas!
26.3.08
25.3.08
girls.
Ele me disse que devia ter menos amigas mulheres e gays.
A verdade, o grande erro de tudo isso, é que às vezes nem é o fato de ter amigas mulheres ou gays, é mais o fato de não saber lidar com o peso disso.
Mulheres, oh mulheres! Raça possessiva por natureza e invejosa como só. Digo porque sou mulher e grande observadora. Quando brigam, mulheres puxam cabelos, e é para destruir o penteado. They call us "cheap date". São tão orgulhosas e egoístas que querem para si aquilo que ou já perderam ou nunca tiveram. Raivosas, desesperadas, incompreensíveis. Coitadas.
Na verdade somos todas umas pobres coitadas. Num mundo individualista e competitivo, nos agarramos no primeiro coqueiro tropical numa ventania pós-tsunami.
Se uma coisa que aprendi na vida foi sempre ter um pezinho atrás com amizades femininas. Precaução nunca é demais.
Cheap date, my ass.
A verdade, o grande erro de tudo isso, é que às vezes nem é o fato de ter amigas mulheres ou gays, é mais o fato de não saber lidar com o peso disso.
Mulheres, oh mulheres! Raça possessiva por natureza e invejosa como só. Digo porque sou mulher e grande observadora. Quando brigam, mulheres puxam cabelos, e é para destruir o penteado. They call us "cheap date". São tão orgulhosas e egoístas que querem para si aquilo que ou já perderam ou nunca tiveram. Raivosas, desesperadas, incompreensíveis. Coitadas.
Na verdade somos todas umas pobres coitadas. Num mundo individualista e competitivo, nos agarramos no primeiro coqueiro tropical numa ventania pós-tsunami.
Se uma coisa que aprendi na vida foi sempre ter um pezinho atrás com amizades femininas. Precaução nunca é demais.
Cheap date, my ass.
20.3.08
la saga.
Foi engraçado. Um cara ligou aqui no meu ramal e disse:
"Oi, você é da área de atendimento?"
"Sou"
"Eu sou da empresa X e gostaria de fazer um projeto com vocês. Podemos marcar um horário e fazer uma reunião para eu passar o briefing?"
Se há um ano atrás eu diria "claro, que dia é melhor para você?" hoje eu passei a ligação para outra pessoa. O mais engraçado é que isto aconteceu segundos após assistir "La Saga del Atendimento". Antes, eu tinha uma empresa nas mãos e fechava acordos com micro e pequenos empresários. Hoje, mesmo que os grandes empresários no fim tenham o mesmo discurso do João da Padaria, eu não resolvo nada, nada está completamente em minhas mãos.
Daí vem aquela coisa de ser ecana. É uma puta responsabilidade (e também um prazer). Eu beijo a camisa da ECA e grito bem forte para todos ouvirem "Esta é a escola que todos desejam mais poucos conseguem entrar!". Será que foi assim que todos os ecanos fodões começaram? Passando a ligação para outra pessoa? Às vezes eu penso se não deveria ser mais pró-ativa, mesmo não sabendo ao certo qual o limite da pró-atividade. Numa empresa junior, não há limite. Mas aqui? Deveria eu ter fechado uma reunião com o cara? Seria o certo? Talvez é essa dúvida que me impede de ir em frente.
"Oi, você é da área de atendimento?"
"Sou"
"Eu sou da empresa X e gostaria de fazer um projeto com vocês. Podemos marcar um horário e fazer uma reunião para eu passar o briefing?"
Se há um ano atrás eu diria "claro, que dia é melhor para você?" hoje eu passei a ligação para outra pessoa. O mais engraçado é que isto aconteceu segundos após assistir "La Saga del Atendimento". Antes, eu tinha uma empresa nas mãos e fechava acordos com micro e pequenos empresários. Hoje, mesmo que os grandes empresários no fim tenham o mesmo discurso do João da Padaria, eu não resolvo nada, nada está completamente em minhas mãos.
Daí vem aquela coisa de ser ecana. É uma puta responsabilidade (e também um prazer). Eu beijo a camisa da ECA e grito bem forte para todos ouvirem "Esta é a escola que todos desejam mais poucos conseguem entrar!". Será que foi assim que todos os ecanos fodões começaram? Passando a ligação para outra pessoa? Às vezes eu penso se não deveria ser mais pró-ativa, mesmo não sabendo ao certo qual o limite da pró-atividade. Numa empresa junior, não há limite. Mas aqui? Deveria eu ter fechado uma reunião com o cara? Seria o certo? Talvez é essa dúvida que me impede de ir em frente.
19.3.08
science of sleep.
Às vezes é chato pácaralho sonhar. Às vezes é legal também, mas às vezes é chato.
É ruim porque você meio que não domina. E o mesmo tipo de sonho pode se repetir durante a semana toda, só para te encher o saco. E daí você já acorda lamentando o sonho que deveras teve. E odeia o dia que aquele sonho apareceu em sua mente. E todo o resto do dia fica contaminado pelo sonho e você quer rezar para sonhar outras coisas, mas fudeu, daí que você sonha de novo.
Eu me lembro do Beakman e a receita de sonho. Bullshit.
É como o Stephane TV.
Na verdade você tenta até reatar amizades, visitar sua mãe mais vezes, evitar a boneca de pano do quarto da sua avó. Mas não seria isso tudo "maya", ilusão passageira? Quem disse isso? Meu subconsciente underground?
Bullshit.
18.3.08
Ele já sabia.
Era uma casa muito engraçada
Não tinha teto, não tinha nada
Ninguém podia entrar nela não
Porque na casa não tinha chão
Ninguém podia dormir na rede
Porque na casa não tinha parede
Ninguém podia fazer pipi
Porque penico não tinha ali
Mas era feita com muito esmero
Na rua dos bobos, número zero
Vinícius de Moraes
Não tinha teto, não tinha nada
Ninguém podia entrar nela não
Porque na casa não tinha chão
Ninguém podia dormir na rede
Porque na casa não tinha parede
Ninguém podia fazer pipi
Porque penico não tinha ali
Mas era feita com muito esmero
Na rua dos bobos, número zero
Vinícius de Moraes
17.3.08
cool.
Eu meio que desisiti daquele processo todo.
Bah, não quero ser coolhunter.
Eu visito sites enlouquecidamente o dia todo em busca de coisas bacanas; ok, posso ser coolhunter, mas não coolposter. Porque é um saco ficar blá blá blá novo filme de não sei quem blá blá blá....
Já passou-se o tempo.
Tem muitos sites legais de coolhunting por aí.
Vou falar de coisas doidas.
Coisas sem noção da minha mente insana.
Yeah.
Bah, não quero ser coolhunter.
Eu visito sites enlouquecidamente o dia todo em busca de coisas bacanas; ok, posso ser coolhunter, mas não coolposter. Porque é um saco ficar blá blá blá novo filme de não sei quem blá blá blá....
Já passou-se o tempo.
Tem muitos sites legais de coolhunting por aí.
Vou falar de coisas doidas.
Coisas sem noção da minha mente insana.
Yeah.
13.3.08
chuva.
Eu queria que chovesse mesmo. É isso aí.
Queria que a água escorresse por entre os tijolos sujos desta cidade.
Queria que houvesse o espelho. Todas as luzes refletidas no asfalto.
Isso me lembra os quatorze. Seis da tarde, minha mãe traz pão quente pra gente comer com manteiga. Meu pai chega e conversa sobre os problemas na cozinha. Vinicius quer arroz e bife. Victor vai ver tevê no quarto. Leio Capricho na sala. Todo mundo falando alto. Tá chovendo lá fora e eu vestindo pijama. Quem diria que estaria aqui agora? Minhas preocupações limitavam-se a como conquistar o gatinho dos meus sonhos e quando tocaria minha música favorita na rádio. Vez ou outra, pensar em coisas profundas, mas tão superficialmente quanto uma poça d'água.
O que quer que tenha acontecido comigo oito anos depois, acho que não conseguiu apagar o sentimento dos dias frios e chuvosos. O pensamento de uma garota que nem sempre está preparada para atender o telefone e ter que resolver problemas. Que nem sempre acha fácil encarar uma casa vazia quando abre a porta. Que às vezes só queria ver Sessão da Tarde e fazer brigadeiro de panela.
Não espero mais minha música no rádio, hoje há o Itunes Shuffle. Capricho fala de bandas que não conheço e de meninos demasiadamente novos. Meu núcleo familiar desmanchara-se como massa de pastel.
E chove. A chuva persiste.
Queria que a água escorresse por entre os tijolos sujos desta cidade.
Queria que houvesse o espelho. Todas as luzes refletidas no asfalto.
Isso me lembra os quatorze. Seis da tarde, minha mãe traz pão quente pra gente comer com manteiga. Meu pai chega e conversa sobre os problemas na cozinha. Vinicius quer arroz e bife. Victor vai ver tevê no quarto. Leio Capricho na sala. Todo mundo falando alto. Tá chovendo lá fora e eu vestindo pijama. Quem diria que estaria aqui agora? Minhas preocupações limitavam-se a como conquistar o gatinho dos meus sonhos e quando tocaria minha música favorita na rádio. Vez ou outra, pensar em coisas profundas, mas tão superficialmente quanto uma poça d'água.
O que quer que tenha acontecido comigo oito anos depois, acho que não conseguiu apagar o sentimento dos dias frios e chuvosos. O pensamento de uma garota que nem sempre está preparada para atender o telefone e ter que resolver problemas. Que nem sempre acha fácil encarar uma casa vazia quando abre a porta. Que às vezes só queria ver Sessão da Tarde e fazer brigadeiro de panela.
Não espero mais minha música no rádio, hoje há o Itunes Shuffle. Capricho fala de bandas que não conheço e de meninos demasiadamente novos. Meu núcleo familiar desmanchara-se como massa de pastel.
E chove. A chuva persiste.
10.3.08
work.
Dizem que o trabalho dignifica o homem. Eu acho que às vezes ele só o deixa digno de levar uns tabefes.
Com tanta coisa no mundo bela de se ver, a gente fica enfiado em uma baia cor de gelo e com a cara grudada numa tela o dia inteiro.
Estou ouvindo a trilha de Amélie e pensando em paz ou no paraíso. Queria me enfiar numa caixa de Sedex 10 e ir direto para onde não me achem.
Será esse sentimento fruto das planilhas de excel e das ligações para Brasília? Ou melhor: da sensação constante que lateja em meu peito, da alegria deslizante de ser abraçada, dos olhos felizes que me enchem de coragem e me fazem falta aqui neste mundo seco e cinza do mundo corporativo? Com certeza, uma junção dos dois.
Quero pegar minha capa de chuva e minhas botas de plástico cor-de-rosa, correr dois quilômetros na planície molhada de orvalho da manhã, sentar na beira de um rio calmo e desenhar carinhas na terra com um graveto.
Quero amanhecer ao lado dele, olhar a janela que mostra o mar azul, me espreguiçar lentamente e voltar a dormir.
Quero pegar minha bicicleta de cestinha e desviar das vendedoras de flores, condimentos, tapetes e colares. Comprar pão fresquinho na padaria e voltar feliz porque é domingo.
Afinal, o que é vida? Porque estamos todos aqui? Para passar oito horas numa baia cor de gelo a troco de um vestido com lacinho e uma bolsa florida?
Com tanta coisa no mundo bela de se ver, a gente fica enfiado em uma baia cor de gelo e com a cara grudada numa tela o dia inteiro.
Estou ouvindo a trilha de Amélie e pensando em paz ou no paraíso. Queria me enfiar numa caixa de Sedex 10 e ir direto para onde não me achem.
Será esse sentimento fruto das planilhas de excel e das ligações para Brasília? Ou melhor: da sensação constante que lateja em meu peito, da alegria deslizante de ser abraçada, dos olhos felizes que me enchem de coragem e me fazem falta aqui neste mundo seco e cinza do mundo corporativo? Com certeza, uma junção dos dois.
Quero pegar minha capa de chuva e minhas botas de plástico cor-de-rosa, correr dois quilômetros na planície molhada de orvalho da manhã, sentar na beira de um rio calmo e desenhar carinhas na terra com um graveto.
Quero amanhecer ao lado dele, olhar a janela que mostra o mar azul, me espreguiçar lentamente e voltar a dormir.
Quero pegar minha bicicleta de cestinha e desviar das vendedoras de flores, condimentos, tapetes e colares. Comprar pão fresquinho na padaria e voltar feliz porque é domingo.
Afinal, o que é vida? Porque estamos todos aqui? Para passar oito horas numa baia cor de gelo a troco de um vestido com lacinho e uma bolsa florida?
3.3.08
Memória.
Maria, este era o nome por falta de nomes.
Maria entrou na sala que era sua mente. Ouvira dizer que a cabeça da gente é como um grande cômodo de uma casa, em que a gente vai acumulando livros, filmes, diários, quadros, pessoas, revistas, paisagens, animais... E que é preciso saber muito bem como organizar a coisa toda, senão pode-se ficar perdido em pilhas e pilhas de informação.
No fundo da sala, uma grande lareira ardia intensamente. Suas chamas consumiam até o teto e enegreciam as paredes de tijolos. Todos os dias, Maria retirava da pilha de coisas um punhado de revistas de fofoca, algumas planilhas de excel e uma grande, uma gigante quantidade de CDs e fitas de vídeo.
No entanto, Maria sabia que nem tudo queima à mesma velocidade. Na grande fogueira do fundo da sala, ainda ardiam lembranças desagradáveis de quinze ou dez anos atrás. Mesmo que restasse apenas carcaça, elas ainda estavam lá, vivas. E Maria sabia disso. E agora que já se passaram quase trinta anos, ela nem se importava mais, esperava calmamente a completa consumação das sobras de seu passado com as quais aprendera a conviver.
De resto (se podia chamar aquela mostruosidade de resto), a sala tinha inúmeras galerias que se mostravam a medida que andava. Algumas ficaram esquecidas no tempo e, quando se abriam de repente, Maria esboçava diferentes reações: susto, surpresa, alegria, ódio...
Havia as salas favoritas, aquelas que Maria passava horas e horas, deitada no tapete felpudo de pele (falsa) de carneiro e absorta nas pilhas gigantescas de informação.
E, antes que as pilhas caíssem sobre sua cabeça e o chão se abrisse e ela ficasse sufocada, Maria fazia o que mais gostava: sair da sala.
Maria entrou na sala que era sua mente. Ouvira dizer que a cabeça da gente é como um grande cômodo de uma casa, em que a gente vai acumulando livros, filmes, diários, quadros, pessoas, revistas, paisagens, animais... E que é preciso saber muito bem como organizar a coisa toda, senão pode-se ficar perdido em pilhas e pilhas de informação.
No fundo da sala, uma grande lareira ardia intensamente. Suas chamas consumiam até o teto e enegreciam as paredes de tijolos. Todos os dias, Maria retirava da pilha de coisas um punhado de revistas de fofoca, algumas planilhas de excel e uma grande, uma gigante quantidade de CDs e fitas de vídeo.
No entanto, Maria sabia que nem tudo queima à mesma velocidade. Na grande fogueira do fundo da sala, ainda ardiam lembranças desagradáveis de quinze ou dez anos atrás. Mesmo que restasse apenas carcaça, elas ainda estavam lá, vivas. E Maria sabia disso. E agora que já se passaram quase trinta anos, ela nem se importava mais, esperava calmamente a completa consumação das sobras de seu passado com as quais aprendera a conviver.
De resto (se podia chamar aquela mostruosidade de resto), a sala tinha inúmeras galerias que se mostravam a medida que andava. Algumas ficaram esquecidas no tempo e, quando se abriam de repente, Maria esboçava diferentes reações: susto, surpresa, alegria, ódio...
Havia as salas favoritas, aquelas que Maria passava horas e horas, deitada no tapete felpudo de pele (falsa) de carneiro e absorta nas pilhas gigantescas de informação.
E, antes que as pilhas caíssem sobre sua cabeça e o chão se abrisse e ela ficasse sufocada, Maria fazia o que mais gostava: sair da sala.
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