Estava correndo quando de repente sentiu o chão se aproximar. Os braços escorregadios lançavam-se contra a rocha dura. Não sentiu os joelhos amortecendo a queda. Tudo que pôde fazer foi levantar-se e achar que estava bem.
Todos a olhavam com cara de espanto. Ela, aos prantos, esbravejava a puta que te pariu mas que porra foda-se tudo. Depois, calou-se. O calor que subia o pescoço inundava a alma e resultava em bochechas vermelhas. Estava confusa.
Chegara em casa cansada e querendo dormir. A outra dissera-lhe para fazer as coisas direito porque fazia tudo sempre menos. E ela contou da dor nas mãos, do rubror das bochechas, mas nada adiantou para que lhe fizesse mais feliz.
Em punho forçado, escrevera sua carta. A docente riu e deu-lhe um dois. Sonhara com cinco e meio e acordara com medo. Sua face antes leve e pueril adquiriu o peso da velhice. Estava cansada.
Subiu na balança e conferiu o peso. Estava maior que um labrador e menor do que um elefante. Pensou no chocolate e nas massas. Quis parar.
O menos quinhentos era a prova de que sua fome capitalista nunca a faria comunista. Queria jóias, roupas e calçados, no entanto teria farinha, café e banana. O Sol brilhava, o Sol é para todos.
Acordou do sono profundo em que as mãos tocaram violentamente o chão. Abraçou os lençóis e os amarrou na cintura. Transformou-o em chaveiro e agora ele está pendurado em sua calça. A vida era enfim uma coisa violenta.
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