O primeiro sinal de que alguma coisa estava errada surgiu quando o adesivo de bonequinha, que simbolizava aquele lar conjunto, começou a se descolar suavemente da porta da sala. No dia em que receberam a ordem de despejo, encontraram o pequeno pedaço de papel agora sem cola ao lado da carta que dizia: vocês precisam sair.
Durante aquele mês, tudo começara a pifar. A lâmpada do quarto, o chuveiro, o telefone. Era como se todos já soubessem do abandono futuro e, em silêncio, protestassem contra a desocupação.
O ar dentro do apartamento estivera parado desde o dia em que souberam. E ainda não voltou a se movimentar. A incerteza do novo lar agoniza cada célula dos móveis, da televisão, das pessoas que lá habitam, que lá habitaram, que lá hão de habitar.