28.10.06

De muletas

Já faz um tempo que evito detalhar minha vida aqui. De contar o que realmente está acontecendo. Faço isso de forma muito subliminar, através de canções que não são minhas e frases curtas. Se acontece algo bom, vocês ficam sabendo. Por incrível que pareça, meus posts alegres remetem a momentos raros, que finjo serem muitos. Mas a verdade não é essa. Eu simplesmente quero parecer forte num dos momentos mais complicados da minha curta vida de duas décadas. E eu sei que muita gente lê isso aqui, desde pessoas que eu quero que leiam até pessoas que não deveriam, porque isso é um espaço público.
A Gabe vive repetindo que eu sou forte, que ela não seria tanto. Eu acho ela forte, mais que eu, até. Sim, muita gente entraria em depressão no meu lugar, mas isso não acontece, acho, que é porque não tenho mais tempo para isso. E porque acho que depressão não leva a nada. Nem fugas, como bebida, baladas e coisas estranhas a minha personalidade.
Muita coisa está acontecendo ao mesmo tempo. O fim de um namoro de quatro anos (a primeira das mudanças), a história - a mais triste - de dois amigos (melhores amigos) que se apaixonam e que depois tudo vira pó, o fim do casamento de meus pais, minha mãe como uma adolescente tentando salvar tudo em vão, minhas colegas de apartamento bêbadas rindo e falando alto às cinco da manhã sem se importar com a única que dorme, minha falta de concentração no trabalho e na faculdade, minhas tentivas de me reerguer seguidas por novos tombos.
É claro que há momentos em que me sinto bem. Descobrir que o apê em que vou morar a partir da semana que vem parece uma casa de família, conhecer umas pessoas novas que fazem cênicas e que me fizeram ter vontade de atuar denovo, me aproximar da Lu e da Gabe, que são pessoas maravilhosas, marcar um domingo com a Pri e a Vívian, ver que o Marcello também detesta certas situações, receber abraços espontâneos de pessoas espontâneas, vislumbrar um futuro com viagens ao exterior e árvores de Natal, ver Lost, ouvir Madeleine, o show do Zeca e o livro do Sherlock.
Esses dois últimos parágrafos estão acontecendo ao mesmo tempo e sinceramente não sei pesá-los na balança. Eu não sei o porquê de tudo isso. Sei que vai passar um dia, todas as turbulências acabam, já estou vendo alguns pontos de luz no meio da escuridão. Mas agora, eu não vejo uma razão; parece uma brincadeira estúpida de um Deus sarcástico. Forças, sim, as tenho. Mas para quê forças se tudo parece se desmanchar ao seu redor e só posso assistir? De dez pessoas que vêm falar comigo, cinco me perguntam se estou bem, se melhorei. E falar 'sim' é metade verdade e metade mentira. 'Mais ou menos'. Até eu estou com dó de mim e eu odeio isso. Odeio que sintam dó. Não sintam dó.
Dizem que essas coisas fazem a gente se sentir viva. Concordo, até certo ponto. A dor latente dá sensação de estar sempre alerta. Os tombos fazem a gente aprender muita coisa. Mas.... não sei se tantas doses de dor são tão benéficas assim. No começo, eu sonhava com coisas e chorava ao acordar e ver que eram mentira. Isso não é legal. Alguém pode achar que é um roteiro lindo para o cinema europeu. Mas na tela, é a personagem que sofre e não você.

Todos têm seus dramas. Essa é a parte 'tragédia' da minha vida e estou expondo-a para vocês. O que vocês farão com isso, se vão rir, se vão chorar, se vão parar no meio, eu não sei. Só espero que entendam e que não sofram por isso, o sofrimento é todo meu.

É isso. Sem metáforas. É a vida.
When I hear them say there´s better living
Let them go their way to that new living

26.10.06

Um dia quente. Uma noite abafada.
Em noites abafadas, quando eu era criança, ficava brincando até bem tarde na rua. Às vezes, a gente (um monte de meninas) ficava sentada no meio-fio contando histórias de ET. Outras vezes, pulávamos elástico. Ou andávamos de patins. Parecia que o calor prolongava a diversão e dava uma sensação de férias.
Hoje tive essa sensação denovo. Ao esquecer do mundo e sentar, eu, Lu e Wanessa, no CAC para assistir um ensaio de Hamlet. Antes de tudo, a saudade do teatro; de ter movimentos marcados, ensaiar e re-ensaiar a mesma cena várias vezes, jogar-se como em lugar nenhum você faria, ter a sensação de responsabilidade pela próxima fala que está por vir. Depois, pela noite abafada de infância. Nada para se preocupar, apenas em curtir aquele momento diferente e torcer por mais que estão por vir. A conversa boba, gastar uma hora do seu dia com algo útil, a cara de espanto pela perfeição dos gestos.
Depois, gente nova. Infância. Conversar com pessoas que nunca vi antes. Conversar mesmo, e ter assunto. E não assunto bobo. Assuntos legais mesmo. E rir, rir muito.
Noites abafadas. Sem nada para pensar. Descobrir pessoas, lugares e rir muito.

Taí.

25.10.06

22.10.06

A volta. A ida.

No ponto esperando o Bonfiglioli, encontro o Peão. Muita coincidência.
Depois, no Bonfa, dois caras começam a falar espanhol do meu lado. Um deles, sentado ao meu lado, o outro, de pé. Não eram feios, deviam ser argentinos.
Tenho certeza que uma hora falaram umas pornografias. Certeza. É uma ótima idéia, aliás, porque ninguém entende, só quem tá conversando.
No caminho, uma festa gay. Adorei. Vários homens musculosos dançando na rua. Gays sabem se cuidar mesmo. Que raiva.
Meu celular começa a tocar. Maldito dia que escolhi "Mexican Hat" para toque. Minha bolsa gigante fez com que a procura durasse a música inteira. Do meu lado, vi um deles fazendo um sinal de positivo para o outro. Deviam ser mexicanos então. Não pude deixar de rir.
De noite, a gente vê mais o que acontece no interior das casas. Televisões ligadas, pessoas andando, velhinhas indo dormir.
Meu ponto. Era o dos 'mexicanos - argentinos' também. Aliás, eles moram aqui no meu prédio. Haha. Não pude deixar de rir.

19.10.06

Da flor e outras histórias


Hoje arranquei o botão de uma flor e tentei abri-lo. Foi em vão. As pétalas caíram murchas e sem graça.
As coisas não funcionam assim. Leva tempo para que as pétalas se abram e fiquem perfeitamente curvadas e para que adquiram a sutileza de sua existência. É preciso quantidade exata de água e sol, nada mais, nada menos.
Foi aí que percebi: não adianta forçar, a natureza tem seu tempo.

Depois arranquei as pétalas. Deu mal-me-quer. Malditas dicotiledôneas pentâmeras!

-------------------------------------------

Hoje, pela primeira vez em talvez meses, eu jantei decentemente. Fiz aquela janta básica, mas ao fazê-la percebi: a vida está voltando ao normal.

-------------------------------------------

Hoje, uma epifania: Waldenyr sou eu amanhã. Com algumas diferenças, é claro!

-------------------------------------------

Viver como Garth. Ou como sua música.

18.10.06

Hino

Standing outside the fire
GARTH BROOKS

We call them cool
Those hearts that have no scars to show
The ones that never do let go
And risk the tables being turned

We call them fools
Who have to dance within the flame
Who chance the sorrow and the shame
That always comes with getting burned

But you've got to be tough when consumed by desire
'Cause it's not enough just to stand outside the fire

We call them strong
Those who can face this world alone
Who seem to get by on their own
Those who will never take the fall

We call them weak
Who are unable to resist
The slightest chance love might exist
And for that forsake it all

They're so hell-bent on giving ,walking a wire
Convinced it's not living if you stand outside the fire

Standing outside the fire
Standing outside the fire
Life is not tried, it is merely survived
If you're standing outside the fire

There's this love that is burning
Deep in my soul
Constantly yearning to get out of control
Wanting to fly higher and higher
I can't abide
Standing outside the fire

Standing outside the fire
Standing outside the fire
Life is not tried, it is merely survived
If you're standing outside the fire

Standing outside the fire
Standing outside the fire
Life is not tried, it is merely survived
If you're standing outside the fire


I can´t abide standing outside the fire.

..................................

Porque nunca imaginava que aquilo me emocionaria tanto. Era como se eu esperasse por algo assim. E foi quando vi que estava vivendo, que estava viva.

15.10.06

Está tarde.
Acho que estes dias aqui me fizeram bater o recorde em posts.

Hoje meu pai me deixou escolher um livro. Hum... Sir Arthur Conan Doyle. O primeiro, para ir empolgando. Ainda não comecei. Os mistérios de Holmes são para mentes descansadas. Fiquei toda feliz agora porque vi que a mesma editora publicou uns 20. Ôba.

Depois, filme velho. Damon Bradley que na verdade é Peter Wright. Robert Downey Jr. e Marisa Tomei inesquecivelmente maravilhosos.

Faith: How could you do this to me?
Peter: Because I'm in love with you!
Faith: Ha! What kind of an excuse is that?


Queridos, é só por hoje. Não fiquem mal acostumados!

14.10.06

Na descida para o almoço, uma história triste de uma mulher doente. No restaurante, um rapaz magro canta I started a joke melancolicamente. Cada garfada é uma nota triste.
Uma rápida parada na loja de tranqueiras me faz sentir depressiva. Minha mãe compra dois copos para repôr os que ela quebrou ontem. "Eram muito finos". Cintos com a fivela enferrujada me fazem pensar em como alguém consegue vender aquilo. E alguém comprar. Saí pensativa.
Depois a visita à minha avó. "Pare de tremer a perna", minha mãe diz. O mesmo retrato comigo tocando violão numa época distante. "Não gosto, prefiro a outra", penso. Na despedida, sempre as mesmas palavras. "Tchau vó, tchau Seu Hermínio". Saí com vontade de visitar Portugal, meus tios vão.
Indo embora, o sol queima e o vento corta. O telefone toca: "casa", é só o que esse visor sabe dizer. Uma carona e mais histórias tristes de pessoas doentes. "A Anelyse vai ser daminha de honra. Você e a Amanda já estão velhas demais pra isso". É, estamos velhas.
Entro em casa e sento aqui. Nada de novo. Olho meu novo álbum mais uma vez. Escrevo aqui.

E é isso. É o que sobrou pra mim, after all.

13.10.06

Enfim, meio quilo de doce.
Uma tarde regada a todo tipo de porcaria que você puder imaginar.

12.10.06

As pessoas machucam.
Achei que elas só me machucassem, mas elas machucam todo mundo. Ainda, machucam-se. O tempo todo.
Não digo que eu não machuco. Eu firo também. Eu odeio ferir, mas sou também um ser humano.
Eu sinceramente não sei porque fazem isso.
Estou odiando o ser humano. Não temos veneno ou garras, mas temos nossas palavras e atitudes.
Abstenho-me do ser humano.

Afinal, a superficialiadade é a melhor saída.

11.10.06

Por que na vida tudo é tão errado?
Hoje eu pude ouvir a Pink cantando bem baixo no meu ouvido: Stupid Girl, Stupid Girl...
Porque posso ser forte, mas até os fortes são estúpidos.

Perecebi que desde o começo do ano venho vivendo uma enganação. Maya. Ilusão. Uma grande propaganda enganosa.

Tô fora.

E essa história entrou por uma porta e saiu pela outra, quem quiser que conte outra.

Meu pai na Folha de São Paulo



Atrás da mulher gritando.

Em:
Folha de S. Paulo
11/10/06
Capa

5.10.06

Nossa, to baixando Lost. Emoção.

Confessions of a Teoria da Comunicação class

A Josileide sorriu, mas quando sentou-se seu olhar baixo denunciava que sentia-se fracassada. Um quase choro anunciou-se em seu rosto. Um querer fugir abateu-se em seu ser.
De repente me identifiquei com sua tristeza inoculada.

4.10.06

Notícias do dia

- Popó vai deixar o boxe

- Comi ovo mexido com azeitona e que dei um toque de azeite mas que ficou muito oleoso

- Começa a nova temporada de Lost

- Roupas de Brokeback Mountain vão à leilão

- Aniversário do Swan

- Minha geladeira está cheirando azedo e não sabemos o que é. Provavelmente um anão se escondeu lá e morreu

- Amanhã tem greve dos bancários. Mas não dos banqueiros

- O orkut está de luto

- Eu chorei no meio da rua, mas já estou bem. Breve momento Sex and the City

- A segunda porta do banheiro feminino do CRP continua fechada. Abriremos inquérito sobre a geladeira e a porta do banheiro amanhã

- O céu estava azul

- Um cara começou a tocar sax na prainha às 4 da tarde

- Madonna adota menino africano de Malauí

- Minha mutação foi quase descoberta depois que as impressaoras entraram em conflito na Jr e na FEA

- South Park completa dez anos

Amanhã é outro dia.

3.10.06

O que é a vida, além do que um grande salão iluminado parcialmente, onde toca muita música o tempo todo e que está cheio de pessoas diferentes?
A luz varia de acordo com o que você está disposto a ver.
A música, de acordo com o que você quer sentir.
E as pessoas dançam com você de acorco com a luz, com a música e com o ambiente.

Às vezes, dançar sozinho faz você mexer mais os braços e cantar mais alto a música.

Às vezes, ficar num canto segurando um copo é relaxante, mas dá a sensação de viver pela metade.

O legal é deixar sempre a luz acesa e a música tocando.

O legal é sair da festa enquanto todos ainda se divertem.

* Hum... filosofia barata de esquina...

2.10.06

Nobody said it was easy

1.10.06

A franja de Brigitte Bardot.

A expressão de Bridget Jones.

Thaís, uma odisséia. Haha :)