Estar em Suzano em um dia comum à tarde me faz lembrar de dois anos atrás, pipoca, filme B e ócio. É bom estar em casa, é bom ver meus pais e meus irmãos. Ficar, não só estar de passagem. Por que o que eu tenho na grande São Paulo? Tenho nada, sou nada. Aqui sinto que sou, sinto-me viva.
É cada vez maior a vontade de cortar os laços. Afinal, o que posso eu saber? Nada.
Estou de coração partido e alma inquieta.
2 paroxetinas.
Dê-me tempo para construir minha caverna.
Onde só eu terei a chave.
Onde só eu poderei habitar.
Mais ninguém.
30.4.07
25.4.07
19.4.07
A vontade de cair num canto e lá ficar, vendo o mundo passar, é sinal de que ou estou sub ou sobrecarregada. Aposto na segunda opção. O peso do tempo e de seus preenchimentos não dá descanso, é implacável e impiedoso. Sabe do mais? Há tempo. Tempo sentada, na frente da TV, tempo olhando para o teto, tempo vendo perfis do Orkut. Sim, um subtempo de uma subvida subaproveitada. Isso é tempo de sobra ou tempo amargo com gosto de cabo de guarda-chuva?
Um cara muito barbudo ancião da montanha me disse: cê tá pilhada! Pois é, 7 páginas do explorer, 2 de word e mais 2 salvas no Mp3. Pilhada? Sei lá, pilhada é pouco.
Neste momento não consigo tomar decisões simples. Casa ou festa, pão de queijo ou tapioca, trabalho do agnaldo ou trabalho da Immacolata. Nem nada anda simples. Nada é profundo. Meu quarto tá um caos, ok, joga tudo dentro do armário. Minha mãe está em prantos, ok, fala com ela o que ela quer ouvir. Meu pai tá mudando, ok, é direito dele. Não tenho tempo para falar com meu namorado, ok, você terá um dia. Estou com anemia, ok, toma Sustagen. Não é assim que acontece eu sei, não é assim.
E o futuro? Final da gestão tá aí. Você será uma mãe júnior. Terá filhos lindinhos. E aí? Chego em setembro, pego minha agenda no escaninho e verifico os emails? Convesa fiada com criações, turismo, adm e rp? Nada disso menina, you´re fired. You´re out. A correnteza corre e você se agarra nos galhos.
Jogada na calçada esperando a próxima oportunidade. Nada tão belo como um MEJ, nada tão rico como você queria. Mas o que você quer? Hein? Você sabe o que quer ser? Diretora de arte, você vê o quanto ele pena. Fotógrafa, cadê sua câmera? O que, atendente das Casas Bahia? Talvez, sei lá, quem sabe.
E cadê sua mãe com leitinho quente? Cadê seu pai com sorvete e cafuné? Cadê seus irmãos e o enchimento de saco legal? Cadê seus livros, cadê sua cama, cadê seu cachorro? Estão em sonhos ou jogados a quilometros de distância. Agora o que te sobrou foi um quarto emprestado e coisas que não são suas. Uma mãe que não é sua. Cachorros de rua que duram um segundo. E a mesma solidão de sempre, antes de dormir.
Chega. Chega deste post.
Quem leu e entendeu que me ajude.
Um cara muito barbudo ancião da montanha me disse: cê tá pilhada! Pois é, 7 páginas do explorer, 2 de word e mais 2 salvas no Mp3. Pilhada? Sei lá, pilhada é pouco.
Neste momento não consigo tomar decisões simples. Casa ou festa, pão de queijo ou tapioca, trabalho do agnaldo ou trabalho da Immacolata. Nem nada anda simples. Nada é profundo. Meu quarto tá um caos, ok, joga tudo dentro do armário. Minha mãe está em prantos, ok, fala com ela o que ela quer ouvir. Meu pai tá mudando, ok, é direito dele. Não tenho tempo para falar com meu namorado, ok, você terá um dia. Estou com anemia, ok, toma Sustagen. Não é assim que acontece eu sei, não é assim.
E o futuro? Final da gestão tá aí. Você será uma mãe júnior. Terá filhos lindinhos. E aí? Chego em setembro, pego minha agenda no escaninho e verifico os emails? Convesa fiada com criações, turismo, adm e rp? Nada disso menina, you´re fired. You´re out. A correnteza corre e você se agarra nos galhos.
Jogada na calçada esperando a próxima oportunidade. Nada tão belo como um MEJ, nada tão rico como você queria. Mas o que você quer? Hein? Você sabe o que quer ser? Diretora de arte, você vê o quanto ele pena. Fotógrafa, cadê sua câmera? O que, atendente das Casas Bahia? Talvez, sei lá, quem sabe.
E cadê sua mãe com leitinho quente? Cadê seu pai com sorvete e cafuné? Cadê seus irmãos e o enchimento de saco legal? Cadê seus livros, cadê sua cama, cadê seu cachorro? Estão em sonhos ou jogados a quilometros de distância. Agora o que te sobrou foi um quarto emprestado e coisas que não são suas. Uma mãe que não é sua. Cachorros de rua que duram um segundo. E a mesma solidão de sempre, antes de dormir.
Chega. Chega deste post.
Quem leu e entendeu que me ajude.
2.4.07
Querô
Querô não é bonito. É feio. Não é fácil. É difícil. Não é leve. É denso. É um soco no estômago.
Querô é o motivo pelo qual você mora no Jardins e estuda na USP. É o motivo pelo qual você não ouve hip-hop e gosta de art pop.
Querô é filho de mãe puta que morreu porque bebeu querosene achando que era cachaça. Querô quer que as coisas sejam bonitas como num romance mas tem os olhos cheios de lembranças de filme de terror.
E o pior é saber que tudo aquilo incomoda porque é verdade. Incomoda porque é a mais dura, crua e fria realidade. E se realidade não é uma palavra que pese tanto, assista Querô.
No fim, Querô me olha nos olhos sorrindo sua vitória.
Vejo Cao olhá-lo como quem olha um diamante. E realmente ele o é.
E, em meio a canapés e champagne, está o carcereiro e sua mãe, os garotos perdidos e seus bonés, a menina cantora e sua beleza e os Jardins e a art pop. Porque Querô é pop, mas Querô nasceu numa noite suja e anda perdido pelo mundo.
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